Em nova temporada da antologia "Monstros", a Netflix revive o sórdido caso dos irmãos condenados pelas mortes dos próprios pais
Mais de 30 anos após o crime que chocou os Estados Unidos, Lyle e Erik Menendez voltam a ser dois dos nomes mais comentados entre internautas. Na última quinta-feira, 19, a plataforma de streaming lançou a segunda temporada da antologia "Monstros", que revive o caso dos irmãos condenados pelo assassinato dos próprios pais.
Com Nicholas Chavez e Cooper Koch na pele dos protagonistas, a série não apenas resgata a noite do crime brutal, ocorrido em 1989, mas também como as investigações chegaram até os irmãos e os polêmicos julgamentos dos rapazes.
Misturando fato e ficção, muitos podem se questionar se detalhes presentes nas cenas da série aconteceram na vida real. Um desses momentos é a menção de que um famoso filme na cultura pop teria inspirado os Menendez a cometerem o crime.
Logo no primeiro episódio da série, Erik, o caçula, em um momento de angústia e medo que aconteceria após o crime, confessa a autoria do assassinato ao seu psicólogo. Ao detalhar como ocorreu o assassinato, o personagem alega que foi inspirado pelo filme "Billionaire Boys Club" ("Clube dos Garotos Bilionários"), lançado em 1987.
No longa-metragem, o telespectador acompanha um grupo de rapazes julgados em Los Angeles após estabelecerem um esquema ilegal para ganhar dinheiro e cometerem assassinato.
Mas será que isso aconteceu na vida?
Durante o julgamento de Lyle e Erik Menendez, uma testemunha alegou que os irmãos foram inspirados pelo filme de 1987. De acordo com o Los Angeles Times, a principal testemunha da acusação causou perplexidade ao afirmar que Lyle e Erik Menendez teriam obtido a ideia para assassinar seus pais através da "BBC".
Inicialmente, assumiu-se que a referência era à British Broadcasting Corporation, mas, na verdade, tratava-se do filme "Billionaire Boys Club". A NBC estreou o filme na televisão em duas partes.
"'As semelhanças são impressionantes entre o filme ficcional e os assassinatos reais de Jose e Kitty Menendez', disse Kuriyama [o procurador Lester Kuriyama]. Assim como um dos assassinos na tela, Erik Menendez comprou um Jeep e usou um relógio Rolex", noticiou o Los Angeles Times em 1993.
Já a testemunha em questão era o psicólogo Jerome Oziel, que atendia Erik. Oziel afirmou que o filme fora fonte de inspiração para os irmãos, enquanto o procurador ainda tentou persuadir o tribunal a exibir o filme para os jurados. Contudo, o juiz rejeitou o pedido de exibição do filme, explicou o veículo.
No julgamento, o caçula dos Menendez foi questionado se havia assistido "Billionaire Boys Club" três semanas antes do crime. Ele, no entanto, negou a informação: "Eu nunca discuti isso em sessão [com Oziel]".
O profissional foi crucial para o caso dos irmãos. Erik confessou o crime durante uma sessão de terapia. Oziel, com medo, revelou a informação à sua amante, que posteriormente levou a confissão a polícia após o término do relacionamento.
No tribunal, a defesa não negou os assassinatos, mas argumentou que foram cometidos em legítima defesa após anos de abuso parental. Os promotores, por outro lado, sustentaram que os irmãos mataram os pais para obter a herança. Lyle e Erik forneceram descrições gráficas dos abusos sofridos nas mãos do pai.
Os irmãos Menendez foram sentenciados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional, mas escaparam da pena de morte.