Fruto da relação de Dom Pedro I e Marquesa de Santos, o destino final da Condessa de Iguaçu foi um mistério durante anos
1. Mesmo nome da irmã
Maria Isabel foi filha de Dom Pedro I e Domitila de Castro Canto e Mello, a Marquesa de Santos. O relacionamento de seus pais foi uma história de amor muito polêmica, que agitou a corte brasileira e foi selada com cinco filhos que tiveram juntos. O primeiro herdeiro não sobreviveu, mas depois vieram Isabel Maria de Alcântara, Pedro de Alcântara, Maria Isabel de Alcântara e, por fim, Maria Isabel II de Alcântara Bourbon.
A última das crianças nasceu pouco depois da morte de sua segunda irmã, que, até então, era a caçula da família. Domitila, então, decidiu homenagear a filha falecida a tão pouco tempo, dando o mesmo nome para a menina recém-nascida.
2. Infância
A infância de Maria Isabel foi, quase sempre, às sombras de uma família tipicamente imperial. Ela foi criada da mesma forma que seus irmãos, mesmo que fosse resultado de um caso extraconjugal do Imperador do Brasil. As consequências dessa relação viriam apenas mais tarde.
Sua educação foi desenvolvida seguindo o mais perfeito modelo europeu. Ela também era orientada a aprender regras tradicionais de etiqueta, assim como suas irmãs. Vivia cercada de vestidos e peças de porcelana, tendo uma infância banal e comum para os membros da nobreza brasileira.
3. Sem terras
Todos sabiam que a menina era fruto da relação fora do casamento de Dom Pedro e Marquesa dos Santos. Mesmo assim, ela foi criada para se tornar a Condessa de Iguaçu, título que nunca recebeu. Com o pai imperador, mãe marquesa e diversos irmãos e meio-irmãos herdeiros, ela cresceu para ser parte da nobreza.
Ela, porém, nunca recebeu nada de seu pai, nem títulos nem terras, devido ao adultério da qual ela foi originada. Foi apenas aos 18 anos que Maria Isabel conseguiu assumir o nome pelo qual ficaria conhecida, ao casar-se com Pedro Caldeira Brant, o Conde de Iguaçu. O casal teve sete filhos juntos.
4. Mistério do corpo
Maria Isabel morreu em setembro de 1896, aos 66 anos. No entanto, o paradeiro de seu corpo permaneceu um mistério durante vários anos — ninguém conseguia cravar onde ela havia sido, de fato, enterrada, diferente da maioria dos membros da família imperial, facilmente encontrados em cemitérios.
A mulher havia passado grande parte de sua vida viajando entre São Paulo e Rio de Janeiro, o que gerou o questionamento de qual estado ela teria sido velada. Além disso, muitos nobres brasileiros eram frequentemente sepultados na Europa, em países como Alemanha e Portugal, por exemplo. Mas historiadores não conseguiam chegar à conclusão de onde ela realmente estava.
5. Descoberta
Em tempos mais recentes, o arquiteto e historiador Paulo Rezzutti decidiu se dedicar à tarefa de encontrar o cemitério em que Maria Isabel havia sido enterrada. Ele analisou diversos obituários e notícias de jornais que narravam a morte de pessoas importantes. Foi assim que ele encontrou a nota do falecimento da Condessa de Iguaçu, publicada pelo O Estado de S. Paulo, em 6 de setembro de 1896.
A partir dessa pista, encontrou o registro do Cartório de Registro Civil de Santa Ifigênia, que dizia: “foi enterrada no Cemitério Municipal”. Ela havia sido velada Cemitério da Consolação, mesmo local onde estava sua mãe, a Marquesa de Santos. Rezzutti consultou o Arquivo Histórico Municipal e descobriu a lápide, que não tinha adornos nem seu nome gravado na pedra.
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