A polarização entre os dois grupos é cada vez maior, mas a divisão começou apenas como uma questão física
Se ainda hoje a divisão do espectro político entre direita e esquerda divide as pessoas, a coisa não foi muito melhor em seu começo.
Os termos datam da Revolução Francesa. O movimento começou com a convocação da Assembleia dos Estados Gerais, em 5 de maio de 1789. A reunião serviria para discutir sobre a crise econômica do reino, mas levou a uma série de eventos em cascata que acabaram com a dissolução da monarquia e a execução do rei Luís 16, em 1793.
Os Estados Gerais eram as classes sociais reconhecidas: o primeiro estado era o clero, o segundo estado era a nobreza e o terceiro estado englobava todo o resto da população, representados principalmente pela burguesia.
O terceiro estado era muito mais numeroso que os outros dois, mas seu voto tinha o mesmo peso. Isso os levou a criar uma nova assembleia nacional, que se transformou na Assembleia Nacional Constituinte. Apesar de ter resistido inicialmente, o rei eventualmente aceitou, contanto que clérigos e nobres também participassem.
A partir da organização da Constituinte, vieram os termos. À direita, ficaram os (poucos) representantes do primeiro e do segundo estado, junto com os Girondinos, que eram representantes da alta burguesia, mais moderada e aversa à participação popular.
À esquerda da Assembléia, sentavam-se os Jacobinos — também chamados de Montanha pois sentavam-se nos bancos mais altos — pequena burguesia revolucionária liderada por Robespierre, Marat e Danton e que se apoiava nos sans-culottes, como eram chamados os integrantes das camadas mais populares. O centro era o Pântano, e era composto de inúmeros membros da burguesia que desejavam a união de todos os republicanos.
Desde então, esquerda passou a ser quem clama por mudanças, e, na teoria, defende as camadas mais populares da sociedade. Já a direita passou a ser mais associada ao conservadorismo e à defesa do status quo.
Hoje em dia, há uma complexidade e profundidade um pouco maior. Na época da Revolução Francesa, o liberalismo era considerado de esquerda. Robespierre, o mais famoso líder jacobino, era discípulo ferrenho de Jean-Jacques Rousseau.
Porém, a crítica aos ideais liberais, feita por Karl Marx e outros socialistas a partir do século 19, jogou o liberalismo para a direita — exceto nos Estados Unidos, onde os liberais ainda são considerados de esquerda.