Para povos como os incas, maias e astecas, o sexo era muito mais que um ato carnal: era sagrado, cósmico e passava longe de tabus
Assim que a Igreja Católica chegou aos países americanos, grande parte dos costumes indígenas da época foram completamente perdidos — ou substituídos por hábitos europeus. Isso aconteceu com a alimentação, a vestimenta, a religião e, em muitas civilizações, com o sexo.
Por esse motivo, muitas das práticas sexuais dos incas, maias e astecas foram esquecidas com o tempo — eternizadas apenas pelas artes produzidas por esses povos. Alguns dos comportamentos, no entanto, foram redescobertos, mesmo depois de 500 anos nas sombras.
Confira 5 curiosidades sobre o sexo em civilizações pré-colombianas:
Erotismo cósmico
Como é de se esperar, a leitura das civilizações mesoamericanas sobre sexualidade era muito diferente da dos europeus. Isso fica claro quando o assunto é erotismo. Para civilizações como incas, astecas e maias, o erotismo presente no sexo era uma forma de se conectar com o planeta, trazendo ordem e equilíbrio para o universo.
Homossexualidade
Segundo um estudo feito por arqueólogos mexicanos em 2010, a homossexualidade era um costume comum na civilização maia. Stephen Houston e Karl Taube, antropólogos que fizeram parte do estudo, explicaram que, para os maias, o sexo entre dois homens era considerado um rito de passagem entre a infância e a idade adulta.
Entre os maias, no entanto, a homossexualidade não era tão bem vista. De acordo com Guilhem Olivier, outro antropólogo, o sexo entre pessoas do mesmo gênero era considerado um pecado nefando.
Corpo feminino
Assim como o erotismo tinha seu papel sagrado para as civilizações pré-colombianas, o mesmo acontecia com os corpos femininos. Eles, nem de longe, eram tão sexualizados como são hoje. Seios e vaginas, naquela época, eram relacionados à fertilidade e energia, uma forma de conexão com o universo e, de certa forma, com a vida e a morte.
Deuses
Para os astecas, tanto a sexualidade, quanto o erotismo, eram formas de se relacionar com o sagrado e, assim, com os próprios deuses. Regentes de diferentes costumes, os deuses em si representavam a forma como essa civilização enxergava o sexo — o distanciando dos tabus.
Três deles eram os mais expressivos: a deusa Tlazolteotl, da fertilidade e do prazer carnal; o deus Xochipilli, das relações sexuais ilícitas, do amor, das prostitutas e dos jogos; e a deusa Xoxhiquétzal, esposa de Xochipilli, protetora da prostituição e da sexualidade.
Representações artísticas
Ainda segundo os antropólogos mexicanos, centenas de esculturas pré-colombianas foram encontradas em um salão secreto, no antigo Museu Nacional de Antropologia na Cidade do México — escondidas há anos.
Entre as peças encontradas, os estudiosos identificaram esculturas representando cenas de sexo, de masturbação e de partos. Entre potes, frascos e jarros, as peças refletiam diversas posições sexuais muito diferentes do famoso papai-mamãe.
Masturbação
Em suas pesquisas, os antropólogos mexicanos ainda descobriram que tanto entre os maias, quando em outras civilizações mesoamericanas, a masturbação era um costume ligado à fertilização da terra.
Em suas concepções, alguns povos consideravam a terra como um símbolo do feminino. Assim, muitos homens se masturbavam para fertilizar o solo. Além disso, existem indícios de que os maias contavam com objetos sexuais de madeira, usados para representar o pênis — quase como um dildo.
Poligamia
Nas civilizações pré-colombianas, a poligamia era amplamente aceita nos núcleos familiares. Assim, um homem poderia ter sua esposa principal e suas mulheres secundárias — e ele deveria dar apoio e proteção para todas.
Os imperadores astecas Moctezuma e Nezahualcoyoti, por exemplo, tinham seus respectivos haréns e, neles, contavam com até duas mil concubinas. Entretanto, como era impossível que mantivessem relacionamento com todas elas, poderiam se relacionar entre si — em mais uma representação da homossexualidade.
Castigos
Por mais que a poligamia fosse, de fato, aceita, ela deveria partir de um acordo, nunca de relações extraconjungais. Isso porque, segundo Miriam López e Jaime Echeverría — dois dos antropólogos mexicanos —, as transgressões eram vistas como um desequilíbrio no cosmos. Elas trariam desgraças como a perda de colheitas e a morte de crianças.
Dessa forma, o adultério poderia resultar em castigos severos. Em alguns povos, a traição levava à morte; em outros, permitia que a pessoa traída arrancasse o nariz dos adúlteros à base de mordidas. Entre os purepechas, era comum que amante fosse queimado ainda vivo, enquanto água com sal era jogada sobre ele.
Sexo antes do parto
Nos povos astecas, as parteiras Tlamatlquiticitl costumavam recomendar que grávidas continuassem praticando o sexo até o sétimo mês de gravidez. Elas acreditavam que, caso a mulher se abstivesse completamente do ato, o bebê nasceria doente e fraco.
Casamento
Em sociedades onde a poligamia e a homossexualidade eram aceitas no dia-a-dia, é de se esperar que o casamento inter-racial também fosse. Todavia, entre muitas das civilizações pré-colombianas, o matrimônio entre pessoas de diferentes etnias era desaprovado.
Isso porque, naquela época, cada sociedade dava muita importância para sua origem divina e seus costumes. Assim, era pouco honroso que alguém misturasse seu sangue com o de outras raças ou tribos.
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