'Marighella', dirigido por Wagner Moura, conta história do inimigo N° 1 da ditadura militar
O tão aguardado filme "Marighella", que assinala pela primeira vez Wagner Moura como diretor, estreará no Brasil na semana que vem, no dia 4 de novembro de 2021, após uma série de adiamentos causados pela pandemia de covid-19 bem como por polêmicas.
Pronto desde 2019, o longa-metragem já conta com uma excelente recepção da crítica especializada; quando teve sua estreia mundial, em fevereiro de 2019, durante o Festival de Berlim, foi aplaudido de pé pelo público que o assistia.
Pensando no lançamento da produção, o site Aventuras na História separou 5 curiosidades sobre "Marighella".
Com Wagner Moura na direção, o filme é inspirado na biografia escrita pelo jornalista Mário Magalhães sobre o guerrilheiro, "Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo" (2012). Quem assina o roteiro da produção é Felipe Braga e o próprio diretor.
Para viver Marighella, contamos com Seu Jorge, mas no elenco ainda existem outros nomes de peso como Adriana Esteves e Bruno Gagliasso, que interpreta um dos torturadores da ditadura militar na trama.
Os últimos cinco anos de vida do homem considerado “inimigo número 1” da ditadura militar serão retratados na produção.
Político, escritor e guerrilheiro, Carlos Marighella fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN) e foi um dos mais importantes nomes da luta armada contra o autoritarismo no Brasil entre 1964 até sua morte, em 1969.
Em agosto deste ano, "Marighella" viu-se obrigado a ter sua data de estreia adiada após a Agência Nacional do Cinema arquivar o projeto que compreendia o lançamento comercial do longa-metragem.
O caso aconteceu após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que desejava aumentar o controle sobre a agência de cinema para estabelecer algum “filtro” sobre as produções audiovisuais brasileiras.
A produtora O2, responsável pelo filme, esclareceu que "não conseguiu cumprir a tempo todos os trâmites exigidos pela Ancine (Agência Nacional do Cinema)" para conseguir obter uma verba pública que permitisse a distribuição da produção.
"A Ancine censurou o filme. É uma censura diferente, que usa instrumentos burocráticos para dificultar produções das quais o governo discorda. Não tenho a menor dúvida de que 'Marighella' não estreou ainda por uma questão política”, disse Wagner Moura sobre a situação em uma entrevista em janeiro do ano passado.
O confronto com o governo brasileiro não foi a única polêmica na qual o filme esteve envolvido. Mesmo antes de estrear no Brasil, uma campanha de internautas de direita boicotou a produção no IMDb, a Internet Movie Database.
"Marighella" recebeu cerca de 46 mil avaliações e estava com uma nota abaixo de 4, o que fez com que o site mudasse a forma de avaliação do longa-metragem ao perceber uma “atividade de avaliação incomum para este título". Em nota, o IMDb explicou o novo cálculo:
“A forma mais simples de explicar é que, apesar de aceitarmos e considerarmos todas as notas enviadas por usuários, nem todas elas têm o mesmo impacto — ou peso — na média final. Quando uma atividade incomum é detectada, nós alteramos os pesos desse cálculo".
Já no Rotten Tomatoes, que agrega críticas de cinema e televisão, a cinebiografia sobre o guerrilheiro conquistou 88% de aprovação ao receber oito avaliações, que contaram com inúmeros elogios da imprensa especializada internacional.
Nas análises, alguns dos destaques feitos pelos críticos foram a qualidade fílmica de "Marighella", a urgência narrativa da obra e o elenco de peso que consolidou uma “estreia emocionante e altamente segura”.
No entanto, o filme foi acusado de não ser “ético” e ser imparcial por outros avaliadores, que consideraram a produção como um “retrato carregado de testosterona da insurreição armada como um caminho glorioso para o martírio”.
Depois de ter a estreia barrada nos cinemas brasileiros muitas vezes, “Marighella” finalmente será lançado na próxima quinta-feira, 4 de novembro. Mas Wagner Moura já revelou que têm outros planos para a produção.
A verdade é que a história já foi gravada com a intenção de funcionar em dois formatos: o longa-metragem, para os cinemas, e uma minissérie, que contará com quatro capítulos e deverá ser lançada na televisão pelo menos um ano depois da estreia nas telonas.
Esse tipo de “duplo formato” para produções não é uma novidade para lançamentos do selo Globo Filmes. "O Auto da Compadecida" (2000) e "Alemão" (2014) também foram lançados tanto como filmes quanto como séries para TV.
Confira o trailer de "Marighella" a seguir!