Indicado ao Oscar, Zona de Interesse mostra a frieza na rotina de uma família que mora ao lado campo de concentração de Auschwitz
Indicado em cinco categorias do Oscar, incluindo 'melhor filme', Zona de Interesse chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 15. No filme, o espectador confere a frieza que marca a rotina de uma família que vive ao lado do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.
A família em questão é a de Rudolf Hoss, que comandou o campo de concentração no qual milhões de minorias foram exterminadas pelos nazistas durante a Segunda Guerra.
No filme, os judeus são gaseificados e transformados em cinzas, enquanto a família do nazista vivia um dia ensolarado na piscina do outro lado do muro.
Dirigido por Jonathan Glazer, o filme também mostra como a personagem Hedwig (Sandra Hüller) não economiza esforços para manter a vida de privilégios enquanto milhões são executados a sangue-frio.
O longa de Glazer compreende uma adaptação da obra 'A Zona de Interesse' (Companhia das Letras), escrita pelo britânico Martin Amis. O livro acaba por imaginar a vida pública e íntima dos oficiais que comandaram os campos de concentração.
No campo de extermínio, a zona de interesse ('interessengebiet') era o local no qual as vítimas eram selecionadas ao chegar em Auschwitz. Assim, era determinado quais judeus seriam enviados para o trabalho forçado e quais deles seriam executados nas cruéis câmaras de gás nazistas.
A convite da StandWithUs Brasil, o site Aventuras na História assistiu ao filme na pré-estreia. Sem sensacionalismo, a produção devasta o público com os menores detalhes, como o momento em que a personagem Hedwig se apropria de um casaco de pele que pertenceu a uma vítima dos nazistas.
Sem focar nas expressões dos personagens, o filme retrata a frieza de pessoas que presenciaram, todos os dias, milhões de mortes de inocentes.
"Tratava-se de criar uma arena", explicou Glazer sobre o processo de produção intenso na construção e filmagens em locações na Polônia.
Ao mesmo tempo, o longa também contou com câmeras de vigilância para registrar múltiplas sequências encenadas simultaneamente no mesmo local, explica o material de divulgação fornecido pela Diamond Films.
"A frase que eu sempre usava era 'Big Brother na casa nazista'", diz o cineasta. "Claro, mas era mais como a sensação de 'vamos observar as pessoas no seu dia a dia'. Eu queria capturar o contraste entre alguém servindo uma xícara de café na cozinha e alguém sendo assassinado do outro lado da parede. A coexistência desses dois extremos", disse ele.