Do caixão de madeira, até as roupas bem conservadas, os restos da jovem narram uma história misteriosa da Idade do Bronze
Garota de Egtved, uma famosa relíquia arqueológica da Dinamarca, foi encontrada em uma sepultura da Idade do Bronze em 1921. Seu funeral foi datado em exatamente 1370 a.C., por meio da madeira usada no caixão. Um estudo químico realizado em 2015 nos seus restos revelou, com surpreendente precisão, fatos de sua vida.
Analisando isótopos de estrôncio no cabelo, unha, roupas e dente, os cientistas traçaram o roteiro de toda sua vida, que acabou por volta dos 18 anos. O estrôncio é um elemento químico absorvido por plantas, pessoas e animais pela água e alimentos. Ligeiras variações na assinatura química do estrôncio indicam o lugar de onde ele veio.
Ele funciona como um “GPS” arqueológico. A Garota de Egtved não nasceu na Dinamarca, mas no sul da Alemanha, na região da Floresta Negra. Em seus dois últimos anos de vida, foi para a Jutlândia, voltou para um lugar próximo de onde nasceu e então viajou novamente para a região de Egtved, onde foi sepultada.
É o primeiro caso de cientistas conseguirem traçar a rota de uma pessoa vivendo em condições pré-históricas (a escrita já havia sido inventada, mas não havia chegado à Escandinávia). Os pesquisadores especulam quais as razões dessas andanças de milhares de quilômetros.
Na Europa Ocidental da Idade do Bronze, a Alemanha Meridional e a Dinamarca eram dois centros de poder dominantes, bastante semelhantes a reinos”, afirma o historiador Kristian Kristiansen, da Universidade de Gotenburgo, que colaborou com o estudo.
“Podemos encontrar conexões diretas entre os dois pelas evidências arqueológicas, e meu palpite é que a Garota de Egtved era uma moça do sul da Alemanha que foi dada em casamento para um homem na Jutlândia, para forjar uma aliança entre duas famílias poderosas", finaliza do pesquisador.