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Matérias / Arte

Sambista, compositor e grande pintor: Quem foi Heitor dos Prazeres

Famoso sambista e compositor, parceiro de Noel Rosa, também foi um grande pintor

Izabel Duva Rapoport Publicado em 17/09/2023, às 09h00 - Atualizado em 02/01/2024, às 13h01

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O multiartista Heitor dos Prazeres - Domínio Público
O multiartista Heitor dos Prazeres - Domínio Público

Em entrevista, Heitor dos Prazeres Filho conta que, para o pai, o importante não era proteger se do frio ou do calor, mas estar alinhado. E isso fica claro quando percorremos a sala de retratos da exposição ‘Heitor dos Prazeres É Meu Nome’, em cartaz até o dia 18 de setembro no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro.

Em 1962, o multiartista Heitor dos Prazeres (1898 1966) foi eleito um dos homens mais elegantes do Brasil pela coluna social de Ibrahim Sued, que destacava uma das marcas de seu estilo, a gravata borboleta.

“Heitor foi uma figura de grande circulação social, dada sua relevância nas artes, como um embaixador cultural engajado, que, em sua pintura, representava seu povo por meio de pessoas sempre bem vestidas e de cabeça erguida”, explica o texto de abertura da mostra, que reúne uma série de imagens do artista, captadas por fotógrafos como Carlos Moskovics (1916 1988), Kurt Klagsbrunn (1918 2005) e Marcel Gautherot (1910 1996), e mais de 200 trabalhos produzidos por ele, de pinturas, canções e partituras até projetos, desenhos, discos e indumentárias de moda.

Obra de Heitor dos Prazeres - Crédito: Divulgação / CCBBRJ

Como sambista, ele desempenhou papel fundamental na criação de blocos e ranchos e na fundação das primeiras escolas de samba do Rio de Janeiro: Mangueira, Portela e Deixa Falar, que, mais tarde, ganhou o nome de Estácio de Sá.

Frequentador da casa de Tia Ciata — onde sambistas se reuniam para tocar naqueles tempos de pós-abolição da escravatura, em que a música ainda era proibida por lei —, Heitor compôs com Noel Rosa a famosa canção ‘Pierrô Apaixonado’ e muitas outras de autoria própria, além de conviver com baluartes como Cartola, Paulo da Portela e Pixinguinha.

Na pintura, iniciada quando já era conhecido no meio do samba, ele também teve reconhecimento: participou de mostras e exposições pelo Brasil e pelo mundo e ganhou prêmios, como em 1951, na 1ª Bienal de Arte de São Paulo na categoria pintura nacional.

Legado necessário

Suas obras refletem a realidade marginalizada da população negra. No momento em que as elites do Rio de Janeiro e do Brasil estavam voltadas para os valores do branco europeu, da matriz colonialista, o artista, em sentido oposto, reproduzia o que via e experimentava nas vivências como homem negro: os fluxos migratórios de africanos e seus descendentes, a mudança do campo para a cidade, a religiosidade, a repressão policial, a capoeira, a afetividade e, claro, o samba, entre outros temas.

Tamanho o valor de sua obra, animada pelo protagonismo do negro na sociedade brasileira, e de suas aspirações de liberdade e igualda de, que o artista veio a ser cassado pelo Golpe Militar de 1964, por meio do Ato Institucional nº 1. Uma história, um legado e uma honra para o Brasil e sua gente.