Mais lidas do ano: Na década de 1980, importantes construções históricas foram derrubadas por seus proprietários
Sendo a rodovia onde se concentra os principais polos econômicos de São Paulo, a Avenida Paulista é uma das avenidas mais importantes da cidade. Repleta de arte, cultura e empreendimentos, a rua ainda é lar para diversas construções que contam a história da terra da garoa.
Em 20 de junho de 1982, entretanto, dois históricos casarões foram demolidos na região. O primeiro imóvel situava-se no número 283 do logradouro, na esquina com a Rua Teixeira da Silva enquanto o segundo ficava no 498. Três dias depois, numa quarta-feira, veio abaixo a conhecida casa mourisca de D. Josephina Lotaif.
O motivo para tais destruições era simples: os proprietários não queriam que suas residências fossem tombadas como patrimônio histórico.
À época, a demolição das construções foi considerada uma grande barbárie. Mas os proprietários não deram ouvidos aos jornais e à opinião pública, conforme informações da revista Crescer.
A demolição do casarão de Josephina, que se deu perto das 2h da manhã, em 23 de junho, foi o caso de maior repercussão. Ela se situava no 867, próximo à Alameda Joaquim Eugênio de Lima e era conhecida como casa mourisca em razão de seus detalhes que lembravam as construções árabes.
Autoridades da Secretaria da Cultura já haviam notificado os donos do imóvel sobre a possibilidade do tombamento meses antes. Os proprietários, no entanto, não teriam ficado satisfeitos com a medida e optaram por demolir a habitação.
Após o ocorrido, pela manhã, uma grande manifestação de repúdio foi organizada em frente ao terreno. Quem passava pela área poderia ver inúmeros móveis e pedaços de cortinas misturados ao concreto. Não havia mais o que ser feito.
A casa mourisca foi erguida em 1896 para abrigar a família de Henrique Schaumann, mas foi somente ao final dos anos 1930 que ela ganhou seus vitrais coloridos e demais elementos característicos de construções árabes.
Depois que a propriedade foi derrubada, todavia, nenhum membro da família comentou sobre o caso, mesmo tendo se passado décadas desde o ocorrido. A época da reportagem, a revista Crescer entrou em contato com o então advogado Celso, neto de D. Josephina, mas o mesmo recusou o pedido de entrevista por e-mail.
“(...) na ocasião dos fatos aludidos, eu era uma criança e não tenho memória do que ocorreu. A minha avó Josephina já é falecida. Os demais membros da minha família são idosos e não desejam dar qualquer sorte de informação a respeito", afirmou ele. "Aliás, eles não desejam inclusive ver nosso sobrenome ou nossa propriedade estampados em sua matéria por questões de reserva pessoal e preservação de segurança.”