Em entrevista exclusiva ao site Aventuras na História, o neurocientista e neuropsicólogo, Fabiano de Abreu Rodrigues, explica as principais diferenças entre esses distúrbios mentais
Ted Bundy é um dos psicopatas mais conhecidos do século 20. O sádico serial killer aterrorizou os Estados Unidos durante a década de 1970, após cometer uma série de sequestros, estupros e assassinatos de diversas mulheres jovens — incluindo uma garota de apenas 12 anos.
Considerado por muitos um homem sedutor e carismático, por anos o insólito assassino estave acima de qualquer suspeita. Estima-se que ele tenha decapitado ao menos 12 mulheres, mantendo a cabeça delas em seu apartamento. Contudo, acredita-se, ainda, que o número de vítimas possa ser muito maior.
O sádico criminoso chegou a ser detido em 1975, entretando, conseguiu escapar da prisão e voltou a cometer os crimes. Já em 1978, foi localizado e preso novamente. Condenado à cadeira elétrica, o serial killer foi executado no dia 24 de janeiro de 1989, na Prisão Estadual da Flórida em Raiford.
Ao longo das décadas, o nome de Bundy passou a ser estudado por especialistas, por apresentar traços marcantes de psicopatia. Contudo, existem outros transtornos mentais semelhantes a este, tão perigosos quanto, como é o caso da sociopatia e da personalidade narcisista.
Embora a psicopatia, a sociopatia e a personalidade narcisista, sejam transtornos distintos, todos possuem características em comum que estão atreladas a naturezas antissociais.
Em entrevista exclusiva ao site Aventuras na História, o Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l'Homme de Paris, Fabiano de Abreu Rodrigues, explica que 1 em cada 25 indivíduos apresentam sintomas de distúrbio mental desta natureza.
“Estes transtornos de personalidade são um problema para a sociedade uma vez que os portadores sentem prazer ao causar dano. O seu egocentrismo torna-os incapazes de aprenderem com as experiências”, explicou o especialista.
O especialista explica que em todos estes distúrbios, os pacientes apresentam traços de manipulação, que podem provocar sérios danos emocionais em outras pessoas. Outra característica muito comum e semelhante é a ausência de culpa, ou seja, suas ações são motivadas em prol do benefício próprio.
“Um dos traços principais é a capacidade de manipulação tendo como finalidade o benefício próprio mesmo que para tal se atropelem regras básicas ou se use toda uma encenação. Dotados de uma arrogância extrema, a ausência de remorso faz parte do seu dia a dia”, disse Fabiano de Abreu Rodrigues.
Segundo o neurocientista e neuropsicólogo, os portadores destes transtornos não são capazes de sentir empatia pelo próximo. Ainda segundo o especialista, tal ausência também os impossibilitam de sentir remorso ou arrependimento pelos seus atos.
“Na sua convicção a culpa mora sempre do outro lado e descartam a sua dose de responsabilidade”, explicou o neurocientista.
Muitas vezes pode ser difícil identificar esses traços em um indivíduo portador de um desses distúrbios, uma vez que, normalmente são pessoas simpáticas e carismáticas, que utilizam de estratégias e discursos de manipulação para atrair a confiança dos demais.
De acordo com Fabiano de Abreu, a comunidade científica possui algumas teorias sobre a origem dessas naturezas insólitas. Contudo, vale ressaltar que a psicopatia, a sociopatia e a personalidade narcísica são transtornos diferentes, embora apresentem características parecidas.
Na maioria dos estudos, os especialistas apontam que os comportamentos sociopatas podem ser despertados a partir de circunstâncias sociais desfavoráveis ou negativas, como negligência, maus tratos, delinquência, uso de substâncias ilícitas, abuso, entre outros fatores.
Já no caso de psicopatas, os pesquisadores apontam que as causas advêm de fatores biológicos, psicológicos e genéticos. Contudo, há divergências sobre a natureza deste distúrbio.
De acordo com o neurocientista, alguns especialistas acreditam que os fatores podem ser hereditários ou que são provindos de uma alteração no lobo pré-frontal — parte do cérebro responsável pelas emoções e comportamentos sociais do indivíduo.
Considerada um traço de personalidade, a psicopatia não possui cura uma vez que não pode ser tratada como uma doença. No entanto, ela pode ser classificada como leve, moderada ou grave. Segundo Fabiano de Abreu, muitos portadores desse transtorno não buscam ajuda ou tratamento, pois para eles o problema nunca está em si, mas sim no outro.
“Em termos de comportamento, sociopatas são menos dissimulados, criam muitos conflitos e são pouco estáveis emocionalmente. Muitas vezes estão ligados ao mundo da criminalidade, mas são impulsivos, pois não têm paciência para o planejamento. Já os psicopatas têm atenção a cada detalhe, agem de forma mais dissimulada e sabem ocultar o seu eu. São mais frios e calculistas”, disse o estudioso.
Em contrapartida, existe, ainda, o transtorno de personalidade narcisista, cujo indivíduo tem sérias dificuldades em regular a autoestima. Conforme revelou o neurocientista, essas pessoas buscam desvalorizar o próximo para se sentirem superiores e elevarem a autoestima.
“Os indivíduos que padecem deste transtorno tendem a superestimar as suas habilidades e consideram-se especiais e extraordinários. São pessoas geralmente frágeis, pois necessitam de ser admirados, não aceitam críticas e evitam situações em que sabem que há possibilidade de falhar”, concluiu ele.
Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l'Homme de Paris; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde na área de Psicologia e Neurociência pela Emil Brunner World University; Mestre em psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio, Unesco; Pós-Graduação em Neuropsicologia pela Cognos de Portugal; Três Pós-Graduações em neurociência; cognitiva, infantil, aprendizagem, Pós-Graduação em psicologia existencial e antropologia, todas pela Faveni; Especialização em propriedade elétrica dos Neurônios em Harvard, neurociência geral em Harvard; Especialista em Nutrição Clínica pela TrainingHouse de Portugal.
Neurocientista, Neuropsicólogo, Psicólogo, Psicanalista, Jornalista e Filósofo.