O jornal de importância internacional tem correspondentes do país desde 1921, atravessando até mesmo o governo de Stalin
Em tom de lamentação, o jornal norte-americano The New York Times anunciou, em sua edição da última terça-feira, 8, a retirada de todos os correspondentes no território da Rússia, um dos principais na atuação internacional do veículo.
A sucursal no país foi fechada e os equipamentos da empresa devem retornar a sede nos Estados Unidos.
Trata-se da primeira vez em um século que o jornal não possui um representante em Moscou, como revelou Neil MacFarquhar, um dos correspondentes históricos no país europeu, acrescentando que trata-se de um dos dias mais tristes para a imprensa que ele já participou.
Temos repórteres lá continuamente desde 1921, com uma ou duas pequenas interrupções devido a problemas de visto. Nem Stalin, nem a Guerra Fria, nada nos expulsou", escreveu ele no Twitter.
A guerra travada pela Rússia contra a Ucrânia instaura também uma série de medidas mais restritivas em relação a interação internacional no país, decorrentes da nova legislação.
Buscando moderar o alcance de conteúdo contrário a intervenção militar no país vizinho, veículos sem relação governamental e internacionais estão sendo ceifados no país.
A porta-voz do The New York Times, Danielle Rhoades, justificou a medida em comunicado: "A nova legislação da Rússia busca criminalizar reportagens independentes e precisas sobre a guerra contra a Ucrânia. Para a segurança de nossa equipe editorial que trabalha na região, estamos transferindo-os para fora do país por enquanto".
Os repórteres que ainda estão por lá tentam se deslocar de volta a seus países de origem em meio a uma crise no espaço aéreo russo e ucraniano, mas Rhoades explicou que o veículo oferece suporte para o traslado: "Esperamos que eles retornem o mais rápido possível enquanto monitoramos a aplicação da nova lei", disse Rhoades.
Por fim, a porta-voz enaltece que o jornal não interromperá a publicação de notícias sobre o conflito: "Continuaremos nossa cobertura ao vivo e robusta da guerra e nossas reportagens rigorosas sobre a ofensiva da Rússia na Ucrânia e essas tentativas de sufocar o jornalismo independente".