Com obras enfatizando os corpos masculinos com perfeição, o artista italiano impressionou o mundo — e deixou historiadores curiosos
Apesar da obra elogiada e de ser referência em retratar o corpo humano com perfeição, Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni é sinônimo de mistério quando o assunto é sua vida privada. Ao longo de seus 88 anos de vida, foram os poucos momentos públicos que não foram dedicados para a arte e a disseminação da cultura.
Com seu estilo único e detalhista, no entanto, Michelangelo pode externar seus sentimentos, inspirações e opiniões por meio de esculturas, desenhos, escrituras e pinturas. Com base nisso, uma grande comunidade de historiadores pesquisa, desde sua morte, os trejeitos e modos de sua vida pessoal e, principalmente, de seu lado íntimo.
Homossexualidade reprimida?
Diversos historiadores relacionam as obras do artista renascentista a orientação sexual, com um nebuloso debate associado a possibilidade de Michelangelo ser gay. Apesar de manifestar e gerar desconfianças em seus biógrafos, o pintor Ascanio Condivi, um dos primeiros a escrever sobre sua vida, alegava que o italiano se mantinha casto.
Além de discreto, não há registros claros de companhias sexuais do artista; do contrário, as possibilidades tornam os registros ainda mais confusos com informações questionáveis, desde a relação dos homens que esculpiu com sua sexualidade. Um de seus críticos, o escritor Pietro Aretino, foi um dos responsáveis pela desconfiança, realizando suposições implícitas de que Michelangelo realizava atos de pederastia.
O humanista Benedetto Varchi pôde acrescentar um nome em meio as suspeitas; Tommaso de Cavalieri, descrito como um jovem de “beleza física incomparável, mas tanta elegância de maneiras, inteligência excelente e comportamento gracioso”, teria feito Michelangelo cair de paixões em 1532, quando o conheceu em Roma, dedicando-lhe diversos poemas e desenhos, mesmo quando Tomasso casou-se com uma mulher.
A ênfase do órgão
Em suas obras, a biologia e simetria andavam de mãos dadas para a perfeição em traços humanos, tanto na pintura, quanto nas artes plásticas. Em uma parte específica do corpo, o italiano conseguiu atrair atenção e desenvolver uma imagem mais romancista em relação aos traços masculinos; o pênis, presente de maneira visível na grande maioria de suas esculturas com homens.
Nas obras de ‘David’, ‘Apollo’, ‘Baco’ e o ‘Escravo morrendo’ — todas esculpidas em mármore — os personagens retratados estão como veio ao mundo, evitando posições que oculte o órgão genital.
Expostos em poses empoderadas e com corpos malhados, pênis exposto é interpretado por alguns historiadores e apreciadores de artes como mais uma forma de demonstrar superioridade sem perder a elegância, externando o poder da nudez.
Até mesmo na obra religiosa ‘A Criação de Adão’, o pênis é retratado no teto da Capela Sistima, porém, de maneira mais tímida, com uma representação pouco detalhada e minúscula, de maneira que não cause distorção com o resto da obra.
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