Ligando a Fortaleza de Acre ao porto da cidade, a impressionante construção era desconhecida até 1994, quando foi descoberta acidentalmente
Uma das maiores marcas da presença dos Cavaleiros Templários europeus no Oriente Próximo é a série de castelos e fortalezas construídas durante as conquistas que sobreviveram séculos de ocupações da região. Um grande exemplo é a Fortaleza dos Cavaleiros, ou Hosn al-Akrād, complexo ocupado e usado para fins militares durante a Guerra da Síria.
Entretanto, ano a ano são descobertos segredos escondidos nos confins das majestosas estruturas. Uma descoberta que se destacou ocorreu no final do século 20, momento em que muitos dos castelos eram investigados pelo Levante Sírio-Palestino: trata-se do Túnel Templário, medindo 350 metros de extensão que toma os arredores da cidade de Acre (ou Akka, na Galileia). As descobertas são de suma relevância para a compreensão desse período da história e da atividade templária durante a travessia à Terra Santa.
A Fortaleza e o Túnel em no local remetem a conflitos de 700 anos atrás. Em 1187, deu-se fim ao domínio cruzado em Jerusalém, que fora tomada pelo curdo-aiúbida Salah ad-Din, ou Saladino, Sultão da Síria e do Egito. Essa derrota e perda da capital foram os impulsionadores da Terceira Cruzada.
Essa Cruzada, comandada por nobres da Inglaterra e da França, acabou por não tomar a capital Jerusalém, mas conseguiram capturar a importante cidade de Acre, antes tomada pelos muçulmanos. Isso se deu por um longo cerco comandado por Guy de Lusignan, que fez com que os habitantes islamitas da cidade se rendessem e permitissem que Acre se tornasse a nova capital dos Estados Cruzados.
Com o constante medo da retaliação dos exércitos de Saladino, os cristãos construíram uma impressionante fortaleza de proteção ao redor da cidade. A cidade portuária, antes da ocupação templária, já possuía uma muralha alta. Entretanto, o desespero dos exércitos europeus os levaram a construir proteções quase impenetráveis ao redor da nova base.
Acre era uma das mais importantes bases portuárias do Mediterrâneo Oriental, localizada em uma região estratégica para o controle da região levantina. Por isso, ao mesmo tempo em que sua dominação era útil, ela fazia dos templários um constante alvo. Quem a ocupava devia sempre estar atento.
Como consequência, os Templários construíram o grande Túnel no subsolo da cidade. Esse Túnel ligava a fortaleza militar ao porto da cidade. Assim, em caso de emergência por ocupações ou destruições causadas por inimigos, existiria uma rota de fuga de fácil acesso. Ao mesmo tempo, o Túnel era uma importante passagem secreta para o fornecimento de suprimentos básicos.
E foi o que ocorreu em 1291, quando o sultão egípcio al-Ashrar Khalil atacou Acre e ordenou que a cidade fosse destruída. Para assim impedir uma nova ocupação cristã. Como era de se esperar, as forças muçulmanas transformaram Acre numa cidade desolada, largada às traças e sem maior significância na geopolítica do Levante.
Em 1994, mais de 700 anos depois da destruição da cidade, uma mulher fez uma grande descoberta, ao revelar o Túnel dos Templários de uma maneira, no mínimo, engraçada: ela mandou um encanador da região investigar a razão pela qual a drenagem de sua casa estava bloqueada, quando tropeçou numa grande fortaleza subterrânea medieval. Chamados os especialistas, foi revelado que o Túnel era da época das primeiras Cruzadas, sendo uma rara e bela peça da arquitetura da região e que sobrevivera às invasões quipchacas da Dinastia Bahri.
O Túnel Templário foi totalmente restaurado e hoje é aberto para visitas turísticas.