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Matérias / Estados Unidos

A fatídica morte de R. Budd Dwyer na frente das câmeras

Acusado de corrupção, o político tirou a própria vida durante o que deveria ser apenas mais uma coletiva de imprensa

Redação Publicado em 28/01/2020, às 19h00

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Dwyer, com arma empunhada, mandando todos se afastarem - Divulgação / Vídeo / YouTube
Dwyer, com arma empunhada, mandando todos se afastarem - Divulgação / Vídeo / YouTube

Um caso específico de corrupção nos Estados Unidos chamou atenção pelo seu resultado trágico. O Tesoureiro do Estado da Pensilvânia, Robert Budd Dwyer, foi acusado e condenado por ter supostamente participado de um esquema de desvio de verba e superfaturamento de contribuições.

A falcatrua foi descoberta pelo governador da Pensilvânia, Dick Thronburgh, depois de uma denúncia anônima envolvendo o nome do tesoureiro como um dos beneficiados das ações corruptas. Dwyer negou veementemente as acusações, e declarou inocência em todas as vezes que foi questionado a respeito do assunto.

Todavia, Budd foi declarado culpado pelas acusações de corrupção. Caso declarasse culpado pelo recebimento de propina e deixasse o então cargo, os procuradores ofereceriam um acordo. Ele pegararia apenas cinco anos de cadeia.

Budd Dwyer não aceitou o acordo por acreditar que sua inocência seria comprovada no tribunal, algo que não aconteceu. Em dezembro de 1986, ele foi condenado por conspiração, fraude e perjúrio. Foi condenado a 55 anos de prisão e uma multa de 300.000 dólares. No entanto, a situação seria ainda mais trágica.

O último dia de Dwyer

Na manhã do dia de sua condenação formal, em 23 de janeiro de 1987, Richard convocou uma coletiva de imprensa para, aparentemente, “esclarecer o caso”. Um dia antes, sozinho em seu quarto, escreveu seus pensamento em um pedaço de papel.

“Eu gosto tanto de estar com Jo (sua mulher), os próximos 20 anos ou mais seriam maravilhosos. Amanhã será muito difícil e eu espero que consiga suportar tudo isso”, assume o ainda tesoureiro do estado. No dia seguinte, ele entraria para a história da política nacional.

O pronunciamento de Dwyer começou dentro do esperado. Era uma declaração do político que insistia em sua inocência. Porém, ao fim de sua declaração ele mudou o tom:

“Eu disse repetidas vezes que eu não vou renunciar ao cargo de tesoureiro do estado. Depois de muitas horas de pensamento e meditação, eu tomei a decisão que não deve ser exemplo para ninguém, pois é única de minha situação. Em maio do ano passado, depois de meu julgamento, eu disse a vocês (jornalistas) que os daria a história da década. Para os superficiais, os eventos da manhã de hoje serão essa história. Mas para vocês com profundidade e preocupação com a história verdadeira, será o que espero e rezo para que venha a tona nos próximos meses e anos, o desenvolvimento de um sistema de justiça melhor nos Estados Unidos.”

Ele ainda completou:

“Irei morrer em meu escritório em uma tentativa de ver se os fatos vergonhosos, disseminados sem o menor escrúpulo, não queimarão pela falta de vergonha cívica e atear fogo no orgulho americano. Por favor, contem minha história em toda rádio e televisão, em todo jornal e revista nos Estados Unidos. Por favor, saia imediatamente da sala se tem estômago fraco, uma vez que não quero causar nenhum distúrbio mental ou físico para ninguém. Joanne, Rob, Deedee, eu amo vocês! Obrigado por terem feito minha vida tão feliz.”

Segurando um envelope marrom, ele sacou um revólver e o colocou em sua boca. A agitação dos jornalistas fez com que Dwyer advertisse a todos para ficarem longe, pois poderiam se ferir.

Em questão de 10 segundos, as câmeras e jornalistas do local puderam observar o homem acionar o gatilho e ver o projétil atravessando seu crânio. Caído ali mesmo, praticamente todas as câmeras do local registraram o evento, que não chegou a ser exibido ao vivo.

Muitas emissoras televisivas passaram as filmagens do suicídio, mas congelando a imagem pouco antes do tiro ser dado, enquanto o áudio permitia que o telespectador ouvisse o desespero no que era pra ser apenas uma coletiva de imprensa.

Budd Dwyer durante a sua declaração, momentos depois iria se suicidar na frente de todos os presentes / Crédito: Reprodução Youtube

Devido a uma forte nevasca, muitas crianças que tiveram suas aulas canceladas puderam acompanhar na íntegra o gráfico suicídio pelas emissoras que resolveram transmitir o epis[odio na íntegra.

O documentário de 2010 sobre o suicídio, Honest Man: The Life of R. Budd Dwyer, conta com a declaração de William T. Smith, então presidente do Comitê Republicano do Condado de Dauphin e uma das principais testemunhas da condenação de Dwyer, afirmou ter mentido perante a corte sobre Richard ter aceito propinas como forma de diminuir sua pena e livrar sua mulher de qualquer condenação.

Por ter morrido ainda no cargo de tesoureiro, a viúva de Dwyer, Joanne, pôde ter todos os benefícios pela morte do marido, totalizando mais de 1 milhão e 280 mil dólares. As pessoas mais próximas do profissional acreditam que ele pode ter se matado justamente para garantir a pensão da sua família, que teria a renda comprometida com gastos para advogados que não conseguiram inocentar Robert.