Mais lidas: Produtora nacional tentou emplacar 'Miguelito', uma suposta versão brasileira do clássico mexicano na virada do século
O seriado 'Chaves', originalmente produzido e transmitido no México como "El Chavo Del Ocho', não apenas angariou sucesso e se tornou um símbolo folclórico no país de origem e em terras tupiniquins, mas marcou a televisão latino-americana com a história do menino que vivia em uma vila pobre com amigos protagonizando confusões hilárias.
Transmitido pelo SBT no Brasil, a aposta de Silvio Santos conquistou o público brasileiro com facilidade dada a proximidade da realidade dos personagens, que compartilhavam um humilde cortiço em meio a brigas de vizinhança e até atrasos no aluguel. Contudo, sendo uma produção importada de renome, era necessário comprar os direitos de uso e ainda renovar para mantê-lo no ar.
No caso do SBT, o interesse no seriado foi tamanho que, ao longo de décadas, outras criações deRoberto Bolaños, como a versão animada do seriado e o glorioso Chapolin Colorado foram inseridos na programação. Os custos ficaram ainda maiores em um trabalho comemorativo no início do século 21, que restaurou episódios históricos.
O apresentadorGugu Liberato, através de sua produtora GPM [Gugu Produções Merchandising], junto de seu sócio Beto Carreiro, decidiu apostar em um seriado brasileiro que também se passava em uma vila, com um protagonista pobre ostentando uma touca e um elenco adulto reproduzindo personagens infantis.
Conforme reportado pela Folha de S. Paulo, a produção começou a ser anunciada em entrevista coletiva com atores, em janeiro de 2000, sendo inicialmente divulgada pela RecordTV e apontando já ter 22 episódios produzidos.
Na época, a revista Veja divulgou que o programa deveria ainda receber convidados internacionais e aproveitar o vácuo do Chaves, que não era mais produzido, para ser importado. Contudo, negava a referência clara ao longo do anúncio, rejeitando a comparação.
Em entrevista ao Estadão, anos depois da produção, o ator escalado para ser o protagonista Miguelito, Eduardo Estrela, explicou que a orientação da produtora era "não falar nada do Chaves". A alternativa do artista foi dizer que nunca havia visto a produção mexicana, deixando a situação ainda mais estranha.
Mesmo com o anúncio, a produção, que deveria estrear no final de janeiro daquele ano, sofreu com uma série de cancelamentos, sendo postergada para março. Certo tempo depois, a emissora prefiriu descartar a continuidade do seriado. A alternativa da GPM foi então repassar, a custo zero, para a RedeTV!, que sequer tinha um ano no ar.
Sendo anunciado na programação da emissora, ficou exatamente uma semana no ar em meio a uma polêmica pública; de acordo com a Folha, o diretor Rogério Gallo, da RedeTV!, falou a jornalistas que a série não tinha qualidade apesar dos R$ 800 mil investidos na produção, o classificando um "clonado de Chaves".
Gugu, por sua vez, não gostou das críticas e obrigou a emissora a tirar o seriado do ar. Além disso a baixa audiência, com picos de apenas 1 ponto no Ibope, e uma suposta quebra de contrato somaram para o fracasso da produção, cujos episódios permanecem inacessíveis, longes de nenhum serviço de streaming ou registro no YouTube.
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