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Matérias / Lizzie Borden

Lizzie Borden: O chocante crime que serviu de inspiração para autor best-seller

'O caso Lizzie Borden é um dos crimes mais famosos da história americana', diz Riley Sager, autor de 'O Massacre da Família Hope', em entrevista à AH

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 06/10/2024, às 16h00

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Capa de 'O Massacre da Família Hope' (à esqu.) e Lizzie Borden (à dir.) - Divulgação/Intrínseca e Domínio Público
Capa de 'O Massacre da Família Hope' (à esqu.) e Lizzie Borden (à dir.) - Divulgação/Intrínseca e Domínio Público

O estado do Maine, nos Estados Unidos, presenciou um crime bárbaro em 1929: a endinheirada família Hope foi brutalmente assassinada em sua mansão — restando apenas Lenora, a filha mais velha do casal.

Logo, a jovem de apenas 17 anos fora apontada como principal suspeita pelo caso, visto que todos os funcionários da residência estavam de folga no dia e a garota tinha manchas de sangue por todo o corpo. 

Ainda assim, os investigadores jamais encontraram provas contundentes contra Lenora, que acabou inocentada, mas jamais esquecida. Embora tenha permanecido isolada na mansão da família, a história do crime se tornou uma lenda e a opinião pública jamais mudou. Todos têm certeza que foi ela, até uma cantiga reforça isso:

Ao dezessete anos, Lenora Hope, alucinada, 
Matou a própria irmã enforcada.

Matou o pai a facadas, em delírios febris,
Tirou a vida da mãe, que era tão feliz. 

Lenora sempre diz: 'Não fui eu'.
Mas é a única que não morreu". 

A trama faz parte do livro 'O Massacre da Família Hope' (Intrínseca), escrito por Riley Sager, autor de sete romances que figuram na lista de best-seller do The New York Times. A obra é inspirada num caso real que chocou os Estados Unidos há mais de um século; descubra!

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O Massacre da Família Hope'

'O Massacre da Família Hope' se passa décadas depois ao fatídico episódio, quando Lenora já está com 70 anos, na fase final de sua vida. Por alguns problemas de saúde, ela encontra-se extremamente debilitada, sem mover as pernas, um dos braços e até mesmo perdendo a capacidade de falar. 

A narrativa acompanha a perspectiva de Kit McDerre, uma cuidadora designada para cuidar da senhora Hope após meses afastada por conta de uma investigação. Tudo começa a mudar quando Lenora passa a falar com Kit por meio de uma máquina de escrever: "Eu quero te contar tudo". 

Em entrevista exclusiva ao site Aventuras na História, Sager revela que 'O Massacre da Família Hope' ganhou um toque de inspiração caso real envolvendo Lizzie Borden que, em 4 de agosto de 1892, foi acusada de matar seu próprio pai e sua madrasta

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O caso Lizzie Borden é um dos crimes mais famosos da história americana. É tão conhecido que a própria Lizzie se tornou quase uma figura mítica em nossa cultura", aponta o autor. "Todo mundo sabe o nome dela e que ela foi acusada de matar seus pais com um machado".
Capa do livro 'O Massacre da Família Hope' e foto de Riley Sager - Crédito: Divulgação/Intrínseca

"Meu objetivo com o livro não era contar a história de Lizzie Borden. Isso já foi feito antes, muito bem, tanto na ficção quanto na não-ficção. Eu queria criar um personagem e um crime totalmente originais que tivessem a mesma mística do caso Borden. Assassinatos horríveis. Uma jovem acusada de matar sua família. Perguntas de décadas sobre sua culpa ou inocência", explica. 

Embora não tenha precisado se debruçar nos detalhes do caso Lizzie Borden para criar sua narrativa, Riley Sager usou um ponto do caso para desenvolver sua história: "Honestamente, foi um cenário 'E se?' que mais me chamou a atenção". 

"Eu me perguntei: 'E se Lizzie Borden, em sua velhice, precisasse de alguém para cuidar dela? Quem é essa pessoa? O que a levou a aceitar esse trabalho? Como ela se sente cuidando de alguém que é considerado um assassino brutal?". Tudo isso foi fascinante para mim, então peguei esse cenário e mergulhei nele", revela. 

O autor best-seller conta nunca foi aficionado pelo gênero de true crime. "Quando um caso chama minha atenção, geralmente é porque há algum elemento fantástico que parece estranho demais para ser verdade. Às vezes é a vítima. Às vezes é o acusado. E às vezes é a natureza sensacional do próprio crime. Esses são os crimes que me fazem sentar e pensar: 'Isso daria um ótimo livro'".

Com uma ótima recepção de sua trama nos Estados Unidos, Sager conta que o próximo passo é adaptá-lo para a televisão: "Mas a melhor parte foi ver os leitores abraçarem não apenas o livro, mas também os personagens principais. Tornou-se meu livro mais amado, de longe".

O caso Lizzie Borden

Por volta das 11 horas da manhã do dia 4 de agosto de 1892, Lizzie Borden chegou em casa desesperada e encontrou com a empregada doméstica Bridget Sullivan, que limpava as janelas da casa.

À funcionária, Lizzie deu uma notícia assustadora: havia encontrado seu pai, o empresário Andrew Jackson Borden, morto. Pouco depois, as duas subiram até os quartos e viram o corpo de Abby Durfee Gray, madrasta da garota, sem vida esparramado pelo chão. 

A casa dos Borden - Domínio Público

Os dois haviam sido vítimas de pancadas violentas na cabeça. Andrew teria recebido 41 golpes de machado e Abby cerca de 30. Segundo as investigações forenses, Abby foi a primeira ser morta, quase 90 minutos antes de Andrew, cerca de 9h ou 9h30 da manhã. 

Dias depois, os veículos de imprensa começaram a especular a participação de Lizzie nos brutais assassinatos. "Crime chocante! Cidadão do bem e esposa idosa esquartejados na própria casa", diziam as manchetes. 

O julgamento de Lizzie Borden começou no ano seguinte, em meados de junho. Apesar das autoridades terem convicção de que a jovem era a culpada, nenhuma evidência que a ligasse aos assassinatos foi encontrada. 

O julgamento de Lizzie Borden - Domínio Público

Um dos primeiros grandes julgamentos da história norte-americana acabou com Lizzie absolvida pela Justiça, mas não pela opinião pública. Ainda assim, ela continuou em sua cidade, Fall River, onde acabou comprando uma nova casa num dos bairros mais bonitos da cidade e adotou o nome de Lizbeth. Borden jamais voltou a falar sobre os assassinatos até sua morte, em 1º de junho de 1927, aos 66 anos.