Baseada no romance de David Ebershoff, a produção acompanha a trajetória da artista que entrou para a História ao fazer a primeira cirurgia de redesignação sexual
Do gênero drama biográfico, o filme A Garota Dinamarquesa, dirigido por Tom Hooper, foi lançado em 2015, tornando-se um grande sucesso dos cinemas. Baseada no romance de David Ebershoff, a trama resgata a trajetória e os obstáculos enfrentados pelo casal de artistas dinamarquesas Lili Elbe e Gerda Wegener.
A dupla ficou conhecida não somente pelas suas ilustres artes, mas também pela vida pessoal e amorosa. Segundo o site UOL, Elbe é considerada por muitos estudiosos como a primeira pessoa da História — que se tem registros — a fazer uma cirurgia de redesignação sexual.
Nascida em 1882, na Dinamarca, a pintora transsexual foi registrada sob o nome Einar Magnus Andreas Wegener. Segundo o site El País, embora ela fosse considerada uma pessoa calma, a jovem era introspectiva e também vivia muito deprimida. Quando podia, expressava seus sentimentos por meio de suas obras, pintando e colorindo as telas.
Já na fase adulta, ela se mudou para a capital de Copenhague, para ingressar nos estudos da Academia Real Dinarmaquesa de Belas Artes. No local, a artista conheceu Gerda Gottlieb, uma bela jovem ilustradora. Na época, Lili ainda era conhecida como Einar.
Conforme a aproximidade florescia, a paixão começou a crescer e, em 1904, o casal acabou casando. Gerda, por sua vez, sempre percebeu diversos traços finos e delicados, normalmente presentes na pintura da amada — que até então se vestia como um homem.
De acordo com o portal UOL, a ilustradora foi essencial para a jovem assumir sua verdadeira identidade de gênero. Em um determinado dia, Gerda teve a ideia de um novo quadro e precisava que alguma mulher posasse para ela. Contudo, todas suas modelos já estavam ocupadas com outros trabalhos.
Como alternativa, ela pediu para o amado se vestir com algumas roupas femininas. Logo, graças ao trabalho como modelo, posando para a própria esposa, a artista encontrou a resposta para um de seus maiores desconfortos. Uma vez Einar, o homem deprimido e introvertido, ela se encontrou como Lili, a modelo expansiva e flutuante.
"Não posso negar que me diverti. Gostava da sensação de roupas femininas macias; na verdade, parecia tomá-las naturalmente. Senti-me em casa nelas desde o primeiro momento", escreveu Lili Elbe em seu diário, reproduzido na obra Man into Woman, divulgada pelo UOL.
A partir disso, a artista passou a usar roupas femininas com maior frequência. Einar não se identificava com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer. Segundo o portal UOL, durante a década de 1920, a artista teve conhecimento sobre cirurgias de redesignação sexual, feitas pelo Instituto Alemão de Ciências Sexuais, em Berlim.
Na época, o instituto fazia pesquisas relacionadas à gênero e sexualidade, comandandas pelo sexólogo Magnus Hirschfeld. Com o apoio constante de Gerda, Lili viajou para a Alemanha, onde passou pelo procedimento de retirada dos testículos e do pênis.
De acordo com o El País, a artistas passou por diversas operações, feitas pelo cirurgião Kurt Warnekros, que segundo ela, teria a salvado e a criado novamente. Contudo, logo o caso virou notícia na Dinamarca e na Alemanha.
Como represália, em 1930, o tribunal dinamarquês invalidou o casamento, pois a união entre duas mulheres não era permitida na época. Devido a separação, isso possibilitou que a trans conseguisse alterar seu nome em diversos documentos.
"Estou tão feliz quanto você pode ser quando você é libertado das condições de vida que lhe foram impostas e se sente em total conformidade com você mesmo", disse a artista em entrevista ao jornal dinamarquês Politiken, reproduzida pelo UOL.
Por mais que estivessem separadas, a dupla ainda se amava. Contudo, a artista percebeu que seu amado, o esquecido Einar, já não existia mais. Assim, Hans Axgil entrou para a equação, casando-se com Gerda. Já Lili, anos depois de sua transição, conheceu Claude Lejeune, um negociante francês de artes.
Segundo o El País, ela estava apaixonada e decidiu que se submeteria a uma cirurgia final, que envolvia um transplante de útero e a construção de uma vagina. Entretanto, a falta de tecnologia apropriada fez com que os procedimentos experimentais causassem uma forte reação em seu corpo.
Pouco tempo depois, o seu organismo rejeitou o útero transplantado e Lili sofreu grandes consequências, incluindo infecções. Conforme apontou a obra Man into Woman, reproduzida pelo UOL, a trans veio a óbito devido complicações cardíacas, em setembro de 1931 — embora alguns veículos da época tenham noticiado que a morte foi em decorrência de um grave câncer. Gerda, por sua vez, nunca parou de pintar a imagem da amada.
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