Em meados da década de 1950, fabricante de brinquedos teve a ideia de produzir brinquedos com quatro tipos de urânio
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 04/10/2023, às 16h14 - Atualizado em 01/02/2024, às 15h32
Atualmente, quando se observa as principais formas de diversão que as crianças buscam, nota-se que são cada vez mais comuns os jogos digitais, ou qualquer diversão que só é possível graças à tecnologia dos tempos modernos. No entanto, quando voltamos alguns anos no passado, os passatempos costumavam ser bem mais "analógicos", com bolas, carrinhos, ioiôs e jogos de tabuleiro...
Claro que, com brinquedos reais, ocasionalmente ocorriam acidentes — ora, quem não possui uma lembrança do tipo da infância? —, muitos dos quais poderiam ser evitados até mesmo com a supervisão dos pais. Por sorte, não é todo mundo que possui alguma história realmente fatal sobre esses detalhes da juventude.
Mas, imagine que tipo de risco poderia oferecer um brinquedo que apresentasse algum produto tóxico, venenoso ou até mesmo radioativo. De fato, hoje em dia isso seria indiscutivelmente condenável. Pensando nisso, relembre que foi o Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238, um brinquedo radioativo dos Estados Unidos da década de 1950:
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Curiosamente, a história começa com uma figura que não parece muito próxima à indústria de brinquedos: Alfred Carlton Gilbert. Isso porque no começo do século passado, ainda em 1908, ele ficaria conhecido nos Estados Unidos por conquistar a medalha de ouro no salto com vara nos Jogos Olímpicos de Londres.
No entanto, sua vida não fora totalmente dedicada aos esportes; em paralelo, ele também atuava como mágico amador, e na mesma época da conquista olímpica, ele tinha uma empresa que fornecia materiais para mágica.
Eventualmente, esse seu trabalho empresarial avançaria, e se tornaria em uma das maiores empresas do ramo de brinquedos do mundo na época: A A. C. Gilbert Company, fundada em 1909.
Em meio aos muitos sucessos que a empresa lançou ao longo dos anos, um brinquedo em específico chama bastante atenção hoje em dia: o Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238. E a razão para isso é o fato de que, consigo, apresentava 4 tipos diferentes de urânio — sim, era um brinquedo radioativo.
Um dos valores da A. C. Gilbert Company era de que seus brinquedos carregassem algum significado educacional em si. Para tanto, a companhia inclusive defendia a ideia de que o uso de reações químicas em brinquedos poderia servir para incentivar crianças a se tornarem cientistas, por exemplo.
Porém, considere que o kit Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238 foi lançado em 1950, apenas 5 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Ou seja, um dos avanços científicos mais importantes e impactantes da História, a bomba atômica, ainda era, de certa forma, admirada por muitos norte-americanos patriotas, que a tomavam como a grande responsável por definir o fim do combate.
Portanto, em um contexto em que a bomba atômica era vista com "bons olhos" por parte da sociedade norte-americana, não surpreende que a Gilbert Company quisesse incentivar os pequenos que obtivessem seus brinquedos a se tornarem, talvez, físicos nucleares. Porém, o meio para promover isso em um brinquedo pode ter sido mal-planejado, ao adicionar quatro tipos de urânio nele.
A primeira versão do brinquedo, de acordo com o portal Tilt, do UOL, foi lançada ainda em 1950, em um estojo bege. Uma segunda versão, a mais comum, chegou aos mercados no ano seguinte, com uma caixa vermelha. Porém, o brinquedo realmente permaneceu pouco tempo à venda; fora produzido durante dois anos.
O kit, por sua vez, além dos urânios, também continha um eletroscópio, que serve para identificar a presença de carga elétrica em objetos, e um contador Geiger, utilizado para medir a radiação. Claro que não era realmente possível desencadear uma reação nuclear com os produtos presentes, no entanto, o brinquedo realmente emanava radiação.
O fim da vida do inusitado brinquedo, porém, ocorreu em 1952, quando foi substituído por outro conjunto de energia atômica, que apresentava menos urânio em sua composição. A razão para a substituição, porém, sequer foi relacionada à segurança dos pequenos, mas sim porque o preço do kit Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238 era muito caro para a época, custando US$ 50.