Agindo principalmente no bairro paulista dos anos 70, Bezerra foi responsável por terríveis crimes — e está em liberdade
Nascido em Lago Nova, na Paraíba, José Paz Bezerra teve uma infância repleta de dificuldades. Seu pai, que sofria com a hanseníase, era tratado pelo próprio Bezerra, enquanto sua mãe começava na carreira de prostituição.
Depois da morte do pai, José, sua mãe e sua irmã se mudaram para uma das favelas cariocas na década de 50, onde a matriarca continuou se prostituindo. A vida do menino não era nada boa, e com apenas 10 anos, em 1955, fugiu de casa e passou a vender balas na estação Central do Brasil.
Sua adolescência ficou marcada pelos pequenos delitos que cometia, indo diversas vezes para centros de correção até seus 18 anos. Quando completou a maioridade, se alistou para o Exército Brasileiro, mas foi acusado de pequenos furtos e desistiu da carreira militar, se mudando pouco depois para São Paulo.
Seu período na capital paulista coincidiu com um crime em 1970. Iolanda Pacheco pegou um táxi para sua casa, quando o motorista afirmou que eles iriam para o Morumbi, contrariando a cliente. Assustada, a mulher se jogou com o veículo em movimento e conseguiu fugir e denunciar o taxista.
Porém, mesmo com a descrição, a polícia não conseguiu identificar o homem, pelo menos até o fim daquele mesmo ano. Em outubro, os policiais atenderam a um chamado do corpo de uma mulher encontrada em um terreno baldio no Morumbi, bairro paulista onde fica a sede do estado — o Palácio dos Bandeirantes.
A vítima estava seminua, com uma mordaça que, na verdade, era seu próprio sutiã, seus braços e pernas estavam amarrados com meias que também cobriam o pescoço, com sinais de estrangulamento. A perícia teve dificuldade de identificar a vítima, pois seu rosto estava completamente inchado devido ao espancamento que teria recebido.
Durante a análise, outro corpo foi encontrado em situação muito semelhante ao da primeira mulher. Por meio de impressões digitais, Nilza Cardoso — de 23 anos — e Wanda Pereira da Silva — de 27 — foram as vítimas.
Outras mortes ocorridas no mesmo ano foram relacionadas ao modus operandi do frio assassino. Todas sendo mulheres, elas eram abandonas em terrenos baldios nuas, amordaçadas e com indícios de estrangulamento e estupro.
Em 14 de outubro de 1970, um furto de 20 mil cruzeiros em uma mansão do Itaim-Bibi foi reportado à polícia, que interrogou a empregada da casa, Aparecida de Oliveira. Depois de um tempo, ela confessou que seu namorado era o Monstro do Morumbi, responsável pela morte daquelas mulheres, e sua identidade era João Paz Bezerra.
Depois de ser descoberto, Bezerra voltou para o Rio de Janeiro e, de lá, pegou caronas com diversos caminhoneiros até chegar em Belém, capital do Pará. Na cidade, outros três corpos de mulheres assassinadas da exata mesma forma foram encontrados. Duas outras mulheres conseguiram fugir das mãos do brutal assassino em série.
Em 1971, a polícia do Pará conseguiu localizar José, que teve a sua identidade confirmada por sua antiga parceira. Durante o processo de apuração dos crimes, o Monstro do Morumbi assumiu a autoria de 24 estupros e assassinatos de 1966 até 1971.
Dessas mais de 20, somente 7 somaram condenações ao perpetuador de tal perversidade, mas com uma pena que ultrapassou os 100 anos. Porém, nem mesmo isso foi o suficiente para evitar que o homem fosse liberto aos 56 anos de idade, em 2001, depois de ter cumprido somente 30 anos de prisão.
O serial killer está em liberdade, embora ninguém mais tenha ouvido falar de nenhuma atividade do Monstro do Morumbi.
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