Órgão foi levado a Brasília por ocasião das comemorações do Bicentenário da Independência
No dia 22 de agosto de 2022, há três anos, chegava em solo brasileiro o coração de Dom Pedro I. Conservado em formol por 187 anos, o órgão foi levado da cidade do Porto, em Portugal — onde repousava na igreja de Nossa Senhora da Lapa — até nossa capital, Brasília.
O transporte do coração do imperador, que se deu por ocasião das comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, ocorreu de maneira muito cuidadosa: o órgão viajou em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), na cabine de passageiros, na companhia de três autoridades portuguesas e um representante do governo brasileiro.
De acordo com informações do portal de notícias G1, na época do evento, o então chefe do cerimonial do Itamaraty afirmou que o coração seria recebido com honrarias, como se Pedro I estivesse vivo.
Será tratado como se Dom Pedro I fosse vivo entre nós, não é? Portanto, ele será objeto de todas as medidas que se costumam atribuir a uma visita oficial, uma visita de Estado, de um soberano estrangeiro, no caso de um soberano brasileiro ao Brasil", disse Alan Coelho Séllos.
No dia 20 de agosto, enquanto ainda se encontrava na cidade do Porto, o coração de Dom Pedro I foi exposto pela primeira vez ao público, seguindo viagem à America do Sul em seguida.
Após a chegada a Brasília, o órgão foi transferido da Base Aérea para o Palácio do Itamaraty de maneira discreta, conforme informado pelo Ministério das Relações Exteriores.
Durante a cerimônia, que contou com a presença do corpo diplomático estrangeiro, o ministro das Relações Exteriores proferiu um discurso, seguido por uma apresentação da Orquestra Sinfônica da Força Aérea Brasileira. Posteriormente, o coração foi conduzido à sala de exposição, onde ficou disponível para visitação pública.
No dia 8 de setembro, o órgão foi devolvido a Portugal, onde ficou exposto por mais dois dias na cidade do Porto antes de ser guardado novamente em um cofre.
Como destaca a fonte, essa não foi a primeira vez que os restos mortais de Dom Pedro I foram apresentados durante as celebrações da Independência do Brasil.
Em 1972, durante o período da ditadura militar, uma parte dos ossos do imperador foi exibida em várias cidades antes de ser finalmente depositada no Monumento da Independência, localizado em São Paulo.
Apesar das honrarias de chefe de Estado e de toda a grandiosidade simbólica que cercava o traslado do coração do imperador, nem todos concordaram com o empréstimo do órgão. Muitas pessoas, desde internautas nas redes sociais até especialistas da área, não enxergaram como positiva a decisão das autoridades.
“A única coisa que D. Pedro I pediu foi para que o coração ficasse no Porto. Então, por que o Brasil, que quer homenagear ele, quer trazer o coração para cá? Se o corpo já está aqui! Outra questão é que veremos uma caixa fechada, o coração não ficará exposto. E o terceiro ponto: por que iremos adorar o coração? Qual o simbolismo do coração? É um retrocesso”, disse na época o escritor Paulo Rezzutti em entrevista ao Aventuras na História.
Também é importante destacar que o Ministério das Relações Exteriores não divulgou o custo da operação para trazer o coração até Brasília.