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Matérias / Dom Pedro I

Há 1 ano, coração de Dom Pedro I era exposto no Brasil e gerava indignação

Órgão foi levado a Brasília por ocasião das comemorações do Bicentenário da Independência

por Giovanna Gomes
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Publicado em 05/09/2023, às 18h32

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Coração de D. Pedro I e uma pintura do imperador - Reprodução/Vídeo e Domínio Público
Coração de D. Pedro I e uma pintura do imperador - Reprodução/Vídeo e Domínio Público

No dia 22 de agosto de 2022, há três anos, chegava em solo brasileiro o coração de Dom Pedro I. Conservado em formol por 187 anos, o órgão foi levado da cidade do Porto, em Portugal — onde repousava na igreja de Nossa Senhora da Lapa — até nossa capital, Brasília.

O transporte do coração do imperador, que se deu por ocasião das comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, ocorreu de maneira muito cuidadosa: o órgão viajou em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), na cabine de passageiros, na companhia de três autoridades portuguesas e um representante do governo brasileiro.

Como se fosse vivo

De acordo com informações do portal de notícias G1, na época do evento, o então chefe do cerimonial do Itamaraty afirmou que o coração seria recebido com honrarias, como se Pedro I estivesse vivo.

Será tratado como se Dom Pedro I fosse vivo entre nós, não é? Portanto, ele será objeto de todas as medidas que se costumam atribuir a uma visita oficial, uma visita de Estado, de um soberano estrangeiro, no caso de um soberano brasileiro ao Brasil", disse Alan Coelho Séllos.
O coração de Pedro conservado em formol / Crédito: Divulgação / Guilherme Costa Oliveira / Câmara Municipal do Porto

Exposição pública

No dia 20 de agosto, enquanto ainda se encontrava na cidade do Porto, o coração de Dom Pedro I foi exposto pela primeira vez ao público, seguindo viagem à America do Sul em seguida.

Após a chegada a Brasília, o órgão foi transferido da Base Aérea para o Palácio do Itamaraty de maneira discreta, conforme informado pelo Ministério das Relações Exteriores.

Durante a cerimônia, que contou com a presença do corpo diplomático estrangeiro, o ministro das Relações Exteriores proferiu um discurso, seguido por uma apresentação da Orquestra Sinfônica da Força Aérea Brasileira. Posteriormente, o coração foi conduzido à sala de exposição, onde ficou disponível para visitação pública.

No dia 8 de setembro, o órgão foi devolvido a Portugal, onde ficou exposto por mais dois dias na cidade do Porto antes de ser guardado novamente em um cofre.

Restos mortais de Pedro I

Como destaca a fonte, essa não foi a primeira vez que os restos mortais de Dom Pedro I foram apresentados durante as celebrações da Independência do Brasil.

Em 1972, durante o período da ditadura militar, uma parte dos ossos do imperador foi exibida em várias cidades antes de ser finalmente depositada no Monumento da Independência, localizado em São Paulo.

Urna com o coração do imperador / Crédito: Divulgação/vídeo/G1

Polêmicas

Apesar das honrarias de chefe de Estado e de toda a grandiosidade simbólica que cercava o traslado do coração do imperador, nem todos concordaram com o empréstimo do órgão. Muitas pessoas, desde internautas nas redes sociais até especialistas da área, não enxergaram como positiva a decisão das autoridades.

“A única coisa que D. Pedro I pediu foi para que o coração ficasse no Porto. Então, por que o Brasil, que quer homenagear ele, quer trazer o coração para cá? Se o corpo já está aqui! Outra questão é que veremos uma caixa fechada, o coração não ficará exposto. E o terceiro ponto: por que iremos adorar o coração? Qual o simbolismo do coração? É um retrocesso”, disse na época o escritor Paulo Rezzutti em entrevista ao Aventuras na História.

Também é importante destacar que o Ministério das Relações Exteriores não divulgou o custo da operação para trazer o coração até Brasília.