Usando detectores de metal, os dois se depararam com moedas que datavam de 31 a.C. a 224 d.C. em uma impressionante descoberta para a região
Isabela Barreiros, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 10/07/2021, às 08h00 - Atualizado às 10h00
Embora arqueólogos tenham feito inúmeras descobertas antigas impressionantes ao longo dos séculos durante seu trabalho de campo, muitos artefatos do passado são encontrados ao mais simples acaso, quando ninguém imaginava que tais itens seriam revelados.
O subsolo do Reino Unido em especial guarda objetos que remontam a períodos históricos distantes e notáveis, o que faz com que curiosos procurem e os desavisados, muitas vezes, encontrem sem querer.
Em agosto de 1998, há mais ou menos 23 anos, os primos Kevin e Martin Elliot estavam em um campo de restolho de cevada, que ficava na fazenda da família na vila de Shapwick, em Somerset, no Reino Unido.
Como relatou a BBC News na época, ambos tinham 33 anos e decidiram comprar detectores de metal para explorar o território. Os dois começaram a “caça” por preciosidades e não tardaram muito a se surpreenderem com o que haviam encontrado.
A família Elliot havia praticado o cultivo da terra por meio do arrendamento por quase 40 anos. Quando eles compraram o terreno em janeiro de 1998, puderam conhecer a terra que era sua, investigando o subsolo e as áreas mais interessantes.
Os primos começaram a usar os detectores de metal perto do campo de cevada do terreno e começaram a andar pela área em busca de artefatos antigos. Já em um portal, Kevin e Martin se depararam com uma moeda e ficaram bastante curiosos com o que mais poderiam encontrar.
A primeira moeda foi descoberta apenas poucos minutos depois de eles terem iniciado os trabalhos, mas demorou mais trinta minutos para que os dois tirassem a sorte grande. De pouco em pouco, os dois primos se surpreendiam com moedas espalhadas.
Pouco abaixo da superfície, estava um enorme tesouro de moedas antigas, que foram retiradas no chão por eles com baldes de ordenha. Os achados históricos eram tantos que foram precisos inúmeros recipientes para retirar toda a descoberta do subsolo.
Depois que todo o tesouro foi coletado, era hora de levar os itens para serem analisados por especialistas. Como foi informado por arqueólogos que avaliaram as moedas, a maioria delas datava do período entre 31 a.C. e 224 d.C.
Alguns dos objetos eram especialmente raros. Por exemplo, existiam duas moedas que remontam ao período em que Manlia Scantilla, esposa do imperador Didius Julianus, governou Roma. Isso durou apenas algumas semanas ao longo do ano 193 d.C.
As moedas retratavam Scantilla e foram cunhadas no período em que a região sofria com uma guerra civil. Por isso, os itens se mostraram quase únicos: os pesquisadores afirmaram na época que foi a primeira vez que moedas desse tipo foram encontradas em um tesouro no Reino Unido.
Como o tesouro foi encontrado no terreno da família em Shapwick, um inquérito foi realizado para que as autoridades decidissem de quem eram aquelas moedas. A conclusão foi a de que tratava-se de um tesouro que pertencia aos dois detectoristas de metal.
Assim, o Museu do Condado de Somerset foi responsável por recolher as doações, que vieram do Conselho do Condado de Somerset, pelo National Heritage Memorial Fund, do National Art Collections Fund e do Victoria and Albert Museum.
A instituição comprou os artefatos históricos dos dois primos por £ 265 mil, que na época era considerado o “maior tesouro de moedas de dinari de prata romana do Reino Unido”, conforme a BBC.