O caso chocou os EUA após Cora ter ficado meses desaparecida antes de ser localizada no porão do marido, que argumentava que a companheira viajava
Ingredi Brunato, atualizado por Wallacy Ferrari Publicado em 21/10/2021, às 07h00 - Atualizado às 20h38
Hawley Crippen era um médico britânico casado com Cora Crippen, também conhecida como Belle Elmore, nome artístico que usava em sua tentativa de construir uma carreira como cantora. Não é possível dizer se no início do matrimônio os dois se amavam, mas é certo que as faíscas haviam se apagado depois de 1905, quando eles se mudaram para uma casa onde dormiam em quartos separados.
Cinco anos depois, o Dr.Crippen seria acusado pela morte de Cora. O assassinato não tinha sido pouca coisa: envenenamento seguido por uma mutilação severa. Ele foi julgado em apenas cinco dias, e para o júri as evidências foram consideradas tão conclusivas que eles precisaram de menos de trinta minutos para tomarem sua decisão sobre o destino do médico, que foi morto por enforcamento.
Anos mais tarde, contudo, existe quem duvide que o doutor de fato matou sua esposa, ou que o corpo que encontraram sequer era dela.
Em fevereiro de 1910, Cora Crippen parou de ser vista junto com seu marido. A princípio, ele disse aos conhecidos que a mulher tinha viajado para a América. Depois, respondeu aos curiosos que estava doente, e enfim, afirmou que sua esposa havia falecido.
Para se somar ao comportamento suspeito, por conta das muitas versões, o médico ainda começou a viver com outra mulher, Ethel Le Neve, já no final de fevereiro. Alguns até relatariam que a viram usando as joias que haviam pertencido à aspirante a cantora. Afinal, os amigos próximos se preocuparam tanto que decidiram contatar a polícia, em julho daquele ano.
Quem veio para investigar a situação foi o inspetor-chefe Walter Dew. Ele foi ao endereço onde um dia Cora havia morado, e onde o doutor ainda vivia, deu uma olhada pela casa e fez perguntas. Hawley Crippen então contou que que sua esposa o havia deixado por outro homem, que ele acreditava ser o americano Bruce Miller.
Nesse ponto, não era possível saber se ele havia mentido anteriormente sobre o paradeiro dela por vergonha, ou se as mentiras eram realmente sinal de algo mais sombrio.
Depois da visita do inspetor, porém, o médico tomou uma outra atitude suspeita: ele e Ethel embarcaram em um navio para o Canadá disfarçados como pai e filho. O casal não foi muito longe, contudo, Dew fez uma segunda visita à casa deles, apenas para descobrir que os dois tinham sumido.
O que o inspetor de fato encontrou, contudo, e que foi decisivo para o que aconteceu em seguida, foi um corpo atrás de tijolos soltos no porão. Os restos mortais eram um horror: não tinham cabeça ou membros, sendo pouco identificáveis. Apesar disso, a descoberta do corpo somada ao desaparecimento de Cora e os comportamentos de seu marido foram suficientes para iniciar uma perseguição e captura do Dr. Crippen.
Tanto o médico quanto Ethel foram a julgamento, porém de forma separada, com ele primeiro. As evidências trazidas para condená-lo eram duas principais. Primeiro, o cadáver tinha uma cicatriz no abdômen, e os registros médicos de Cora também falavam da presença de uma cicatriz nesse local.
E segundo, os restos mortais estavam enrolados em um pijama com um padrão específico, que só tinha começado a ser produzido dois anos antes, de forma que o doutor não poderia dizer que o corpo foi colocado ali antes do casal se mudar.
Fora isso, a acusação a Crippen era sustentada pelos seus comportamentos estranhos e o fato de seu casamento sabidamente não estar indo bem antes do desaparecimento da esposa.
Em 22 de outubro de 1910, ele foi considerado culpado pela morte de Cora, e recebeu sua sentença após o júri deliberar por não mais que trinta minutos. Seria morte por enforcamento. A data de sua execução ficou para novembro daquele ano.