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Matérias / Fred Gwynne

Fred Gwynne: De marinheiro da 2ª Guerra ao sucesso em Os Monstros

Após período a bordo do USS Manville, Fred Gwynne iniciou uma carreira de ator que durou cinco décadas, marcada por sua paródia de Frankenstein

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 04/06/2023, às 15h00 - Atualizado em 16/11/2023, às 15h11

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Fred Gwynne como Herman Monstro - Domínio público
Fred Gwynne como Herman Monstro - Domínio público

Fred Gwynne é conhecido por seus papéis no cinema e na televisão — principalmente por dar vida ao FrankensteinHerman Monstro na série Os Monstros — que teve seu primeiro episódio exibido pela CBS em 24 de setembro de 1964. 

No entanto, antes de viver o agente funerário macabro e pai de família, Gwynne serviu na Marinha dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, sendo operador de rádio enquanto esteve a bordo do caçador de submarinos USS Manville (PC-581)

Fred Gwynne (à direita) na Marinha/ Crédito: Reprodução

Depois do conflito, Fred frequentou a Universidade de Harvard, ganhando notoriedade por suas caricaturas que estamparam a The Harvard Lampoon, revista de humor do centro de ensino. 

Mas foi somente após a graduação que Fred Gwynne passou a ser conhecido em todo o país. Após atuar em vários shows da Broadway no início dos anos 1950, recorda o All Tha Interesting, ele fez uma aparição no filme On the Waterfront (Sindicato de Ladrões), de 1954 — embora não tenha sido creditado. 

Sua carreira foi impulsionada quando atuou na comédia Car 54, Where Are You?, exibida entre 1961 e 1963. Um ano depois, foi escalado para viver o Frankenstein Herman na série Os Monstros

Por 42 anos, Fred Gwynne apareceu em diversos filmes e produções para televisão. Seu último papel foi como juiz Chamberlain Haller em Meu Primo Vinny, de 1992, apenas um ano antes dele morrer de câncer no pâncreas, pouco antes de completar 67 anos. 

A infância e a carreira militar 

Nascido em 10 de julho de 1926, Frederick Hubbard Gwynne passou a maior parte de sua infância viajando pelos Estados Unidos. Seu pai, Frederick Walker Gwynne, era corretor da bolsa e as mudanças faziam parte de seu trabalho. Já sua mãe, Dorothy Ficken Gwynne, é reconhecia como artistas de quadrinhos por seu personagem humorístico 'Sunny Jim'

O personagem humorístico 'Sunny Jim'/ Crédito: Domínio Público

Fred passou sua infância entre a Carolina do Sul, Flórida e o Colorado. Mas quando a Segunda Guerra avançou pela Europa, ele se alistou na Marinha dos Estados Unidos, aponta o Atlas Obscura. 

Servindo como operador de rádio a bordo do sub-caçador USS Manville, existem poucos registros de sua jornada individual no conflito. Mas sabe-se que, segundo os documentos da Marinha, o Manville foi lançado pela primeira vez em 8 de julho de 1942, servindo como veículo de patrulha e escolta até o início de 1943. Posteriormente, foram enviados a Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1943 — dois anos após o ataque.

De lá o Manville foi designado para a fronteira marítima do Havaí antes de ingressar na Quinta Força Anfíbia em preparação para a invasão de Saipan, a maior das Ilhas Marianas, em junho de 1944. A embarcação ainda participou da invasão de Tinian em 24 de julho de 1944, retornando a Saipan para continuar suas operações de patrulha e escolta. 

Durante esse tempo, o sub-caçador resgatou dois sobreviventes de um acidente do Consolidated B-24 Liberator e capturou dois soldados japoneses que tentavam fugir de Tinian flutuando em uma caixa de papelão em cima de um pneu de automóvel.

O sub-caçador USS Manville/ Crédito: Domínio Público

O USS Manville sobreviveu a 18 ataques aéreos inimigos durante seu serviço nas Ilhas Marianas antes de retornar novamente a Pearl Harbor em 2 de março de 1945, reporta os registros da Marinha. 

O pós-Guerra

Antes da Guerra, explica o The New York Times, Fred Gwynne estudava pintura de retratos, atividade que ele retomou após voltar para casa. Depois de frequentar a New York Phoenix School of Design, ele se matriculou na Universidade de Harvard, onde passou a desenhar para o Lampoon. 

Gwynne, além disso, ainda atuou no Hasty Pudding Club de Harvard, um clube social que também serve como patrono das artes e defende a sátira e o discurso como ferramentas para mudar o mundo.

Fred estreou na Broadway em 1952, aparecendo ao lado de Helen Hayes em Mrs. McThing. Sua primeira aparição no cinema aconteceu dois anos depois, quando fez um pequeno papel, não creditado, em um filme de Marlon Brando: On the Waterfront

Fred Gwynne/ Crédito: CBS

Mas, de acordo com sua biografia da Masterworks Broadway, foi somente sua aparição em The Phil Silvers Show, em 1955, que marcou seu início do estrelato televisivo. 

Os Monstros e a morte

Ao longo da segunda metade da década de 1950, Fred continuou fazendo aparições na televisão e ganhando papéis em várias peças até que, em 1961, foi contratado para dar vida ao policial Francis Muldoon na comédia de TV Car 54, Where Are You?

Embora o show tenha ido ao ar apenas por duas temporadas, foi tempo o suficiente para ele se estabelecer como uma talentosa personalidade cômica capaz de liderar uma sitcom. Por conta disso, em 1964, foi escalado para o principal papel de sua carreira: Herman Monstro, o paródico Frankenstein, em Os Monstros

O elenco de Os Monstros/ Crédito: Domínio Público

A comédia durou somente 72 episódios, mas o sucesso serviu como uma faca de dois gumes para o ator. Apesar do reconhecimento eterno, as pessoas dificilmente pararam de associá-lo ao personagem, o que resultou em uma dificuldade para conseguir novos trabalhos. 

Eu amo o velho Herman Monstro. Por mais que eu tente, não consigo parar de gostar daquele sujeito", disse ao The New York Times certa vez. 

Entre as décadas de 1970 e 1980 ele voltou a aparecer na Broadway e desempenhar papéis menores em cerca de 40 outros filmes e séries de televisão. Ele ainda ilustrou dez livros infantis e narrou 79 episódios de um especial para rádio da CBS. 

Fred Gwynne morreu de complicações de câncer pancreático em sua casa em Maryland, recorda o NYT, em 2 de julho de 1993. Fred estava nas preparações para a celebração de seu 67º ano de vida, que aconteceria oito dias depois