O episódio se deu em um período em que a Dama de Ferro ocupava o cargo de secretária da Educação
Durante o início da década de 1970, a então secretária da Educação britânica, Margaret Thatcher, protagonizou um movimento político que tinha como objetivo promover a redução dos gastos do governo do Reino Unido.
Entre as propostas feitas pela mulher, que mais tarde se tornaria primeira-ministra, destacou-se o corte do fornecimento de leite para crianças maiores de sete anos em escolas públicas. A medida tornou-se uma grande polêmica, tanto é que, até os dias de hoje, segue sendo lembrada por opositores das políticas liberais.
De acordo com informações do portal Opera Mundi, o fim do fornecimento do produto afetaria crianças de todas as escolas públicas primárias espalhadas pela Grã Bretanha.
Os números indicaram que a proposta votada no Parlamento inglês, no dia 15 de junho de 1971, não era tão popular. O decreto passou com 281 votos a favor e 248 contra, com uma diferença, portanto, de apenas 33 votos.
Na época, conservadores emitiram um alerta para que as autoridades não tomassem qualquer atitude que contrariasse a lei. Porém, alguns conselhos municipais encabeçados por trabalhistas ameaçaram não acatar a decisão e continuar dando leite para as crianças.
A Dama de Ferro, no entanto, argumentou que o fim do fornecimento gratuito, com exceção do jardim de infância e pré-primário, acabaria por gerar mais recursos para serem aplicados em outras áreas da educação, como a construção de novas escolas.
Segundo informou a fonte, o fornecimento gratuito de leite custava aos cofres públicos cerca de 14 milhões de libras esterlinas por ano, valor duas vezes maior do que os gastos com livros escolares. Com o corte, seria possível promover uma 'economia' de 9 milhões de libras esterlinas.
Em meio às criticas, Thatcher declarou que o Ministro da Saúde havia sido consultado sobre o plano e que o mesmo concluiu que não seria possível predizer se o fim do fornecimento iria prejudicar a dieta dos pequenos.
Apesar disso, assegurou que o governo estaria atento às consequências, de modo que poderia voltar atrás, se preciso. Não demorou muito até que ela passasse a ser conhecida como a "sequestradora do leite infantil".
O porta-voz da bancada trabalhista no Parlamento afirmou, na época, que a proposta apresentada era a coisa mais miserável que havia visto em seus 20 anos de mandato na Câmara dos Comuns. Conforme estimou o Partido Trabalhista, o número de crianças que recebiam o produto cairia de 5 milhões para apenas 2 milhões.
Trinta anos após a decisão polêmica, documentos revelaram que Thatcher havia considerado uma série de outras medidas, que incluiam a taxação do empréstimo de livros de bibliotecas, além do aumento do preço das refeições escolares e da taxa de ingresso nos museus.