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Matérias / Gastronomia

De gafanhotos mexicanos a ovo centenário chinês: As histórias por trás das comidas de rua

Algumas dos pratos mais curiosos das culturas pelo mundo são encontrados com facilidade em carrinhos ou barracas diariamente

Izabel Duva Rapoport, atualizado por Wallacy Ferrari Publicado em 04/09/2022, às 10h00 - Atualizado em 27/04/2023, às 19h43

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Algumas das comidas listadas - Divulgação / YouTube / C.HerCreations / Cozinha sem Fronteiras /  Vegan Chef Gueli / LetsCookChineseFood
Algumas das comidas listadas - Divulgação / YouTube / C.HerCreations / Cozinha sem Fronteiras / Vegan Chef Gueli / LetsCookChineseFood

Mais do que alimento, a comida de rua revela história se a tradição cultural de um povo, além da capacidade de se reinventar ao longo do tempo, mantendo suas raízes no cotidiano das cidades.

Como símbolo de enaltecimento aos hábitos alimentares ao redor do mundo, as diferenças entre diversos locais evidenciam a relação da sociedade com a comida. Sabendo disso, o Aventuras na História separou algumas das comidas tipicamente produzidas em carrinhos, tendas ou barracas pelo mundo.

1. Gafanhotos mexicanos

Não, você não leu errado. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, o México contempla o maior número de insetoscomestíveis do mundo. São cerca de 500 espécies, entre elas, os chapulines (gafanhotos, em português) são os mais populares – foram até inspiração para o nome de um dos personagens mais famosos da TV mexicana: Chapolin Colorado.

Porções de chapulines, adicionados em pratos típicos / Crédito: Wikimedia Commons / Meutia Chaerani / Indradi Soemardjan 

Fritos e torrados, os chapulines são temperados com alho, limão, sal e pimenta, e adicionados em diversos pratos tradicionais do país, como tacos etlayudas, tortilhas típicas da região de Oaxaca. O consumo do bicho remonta ao século 16, quando os insetos eram a principal fonte de proteína, antes de os colonizadores espanhóis incluírem a carne de animais domesticados no dia a dia.


2. O doce colorido das Filipinas

Com base em gelo raspado misturado com leite evaporado, cuja água é reduzida em 60%, o Halo-Halo (Mix-Mix em português) é a sobremesa mais popular das Filipinas. Ela inclui ingredientes como frutas, grãos adocicados, gelatinas e raízes, além da influência dediversas culturas. Sua origem provavelmente deriva de um doce japonês chamado kakigori – raspas de gelo servidas com feijão doce, levado aos filipinos por imigrantes nos anos 1900.

O colorido Halo-Halo, servido em taça gelada / Crédito: Divulgação / YouTube / C.HerCreations 

Neste mesmo período, com a ocupação dos Estados Unidos no país asiático, foi fundada uma usina de gelo americana, que passou a produzir e fornecer a base essencial da iguaria com facilidade. Já a parte láctea, há indícios de que veio do pudim de leite da era colonial espanhola. Na hora de consumir, é preciso mexer tudo até que um arco-íris apareça, permitindo um deleite completo a cadac olherada: o frescor do gelo traz o tom frio; a maciez do feijão e da gelatina contrasta com o arroz torrado; e adoçura das frutas e dos tubérculos locais (como jaca, banana e inhame roxo) se mescla com o leite – e, se o felizardo desejar, com uma bola de sorvete.


3. Herança do Apartheid

Um dos pratos de comida de rua mais populares da África do Sul é o bunny chow, um pedaço generoso de pão branco com um buraco no centro, servindo de recipiente para uma porção de cordeiro, frango ou peixe bem temperada com curry e pimenta – assim como manda a tradição indiana, muito presente na costa sul-africana, que une a África e a Índia.

O chamado bunny chow pode ser facilmente encontrado em tendas / Crédito: Divulgação / YouTube / Cozinha sem Fronteiras

Com origem na década de 1940 em Durban, o bunny chow foi criado pelos indianos que trabalhavam nas plantações de açúcar da região como uma maneira de carregar seu curry sem derrubar. O pão branco era o mais barato e acessível e, por isso, era escavado e usado como uma espécie de tigela. Durante o Apartheid, quando negros não podiam se sentarem restaurantes, o bunny chow também era uma alternativa de comida para viagem, vendida geralmente nos fundos das cozinhas.


4. Etiópia: O berço do café

Diz a lenda que no século 9 um jovem pastor chamado Kaldi, cuidando de seu rebanho de cabra sem uma montanha na Absínia (atual Etiópia), observou que seus animais comiam os frutos vermelhos de um arbusto e ficavam frenéticos e saltitantes, até mesmo os mai sfraquinhos. Intrigado com aquilo, Kaldi resolveu experimentar sua descoberta e, ao perceber que também ficava mais disposto e alegre, levou um ramo da planta para o monastério local, contando sua história.

Logo, um monge queimou aquilo, desconfiado serobra do diabo. Mas o odor que exalava dos grãos torrados caiu tão bem, que os próprios monges mudaram de ideia: como algo comaquele cheiro poderia ser pecado? Começaram, então, a preparar as cinzas e a estranha fruta com água,até que a nova bebida virou costume e acabou com o sono das orações. Em pouco tempo, o grão chegou à Turquia, onde surgiu o que hoje chamamos de café, e se espalhou pelo mundo.

Jabena Buna, o café da Etiópia / Crédito: Divulgação / YouTube / Vegan Chef Gueli 

Na Etiópia, porém, a bebida é muito mais do que um combustível matinal – é uma parte fundamental da vida social e cultural do povo que se autodenomina o “berço do café”. Não à toa, realizam diariamente a jebena buna, a tradicional cerimônia do café, feita definitivamente para quem não tem pressa ou intolerância à cafeína.

O ritual começa com a anfitriã, sempre mulher, espalhando ervas pela mesa e pelo chão e acendendo incensos. Em seguida, o preparo lento dos grãos exala o cheiro, que se mistura com o aroma da casa, criando um efeito inebriante. Moído, o café é adicionado à jebena (jarra especial de bico) com água fervente e levado ao carvão para fermentar até ficar amargo, espesso e potente.


5. Ovo centenário chinês

Embora o pidan, iguaria típica da culinária chinesa, sejaconhecido por ovo milenar, ovo preservado ou atémesmo ovo de 100 anos, seu preparo não costuma levar mais de um mês. Feito com ovos de pato, ganso, galinha ou codorna, é coberto com sal, argila e cal e enterrado. Com o tempo, ele fica duro, com a gema esverdeada, a clara marrom, o aroma muito acentuado e o sabor parecido com o de um queijo forte.

Os chamados peedas adquirem colocarão escura enterrados / Crédito: Divulgação /  LetsCookChineseFood

A origem do método de produção provavelmente surgiu de uma tentativa de estender o tempo de conservação de ovos em tempos de escassez de comida. Porém, há quem diga que, durante a dinastia Ming, um chinês descobriu por acaso que os ovos que um pato havia enterrado na terra de sua propriedade tinham mudado de cor e de sabor.