Mundialmente conhecido pelas pautas progressistas de seu governo no Uruguai, Pepe foi membro de uma guerrilha marxista na década de 1960 — e preso por isso
Quando chegou à presidência do Uruguai, em 2010, José Alberto Mujica trouxe uma transformação considerada progressista ao país. O casamento entre pessoas do mesmo gênero e o aborto foram aprovados, a maconha passou a ser regulamentada e vendida em farmácias e os direitos trabalhistas foram mais respeitados que nunca.
Conhecido por sua simplicidade, Mujica mora em uma chácara humilde na periferia de Montevidéu, tem um Fusca modelo 1982 e doa cerca de 90% do seu salário para organizações não governamentais (ONGs). Aos seus 84 anos, essa é sua vida hoje — mas pelo menos 12 anos dela foram marcados por condições sub-humanas na prisão de Punta Carretas.
Nascido na capital uruguaia, no dia 21 de maio de 1935, Mujica é filho de Demetrio Mujica e Lucy Cordano. Seu pai era um pequeno agricultor da região e morreu quando ele ainda era criança. A relação com a terra, no entanto, marcou profundamente a vida do futuro presidente, que se tornou florista — profissão que exerceu durante toda sua trajetória.
Mas foi nos anos 1960 que começou a se envolver com política, juntando-se à guerrilha Movimento de Libertação Nacional Tupamaros (MLNT). Inspirado na Revolução Cubana, que foi consumada em 1959, quase na mesma época, o grupo utilizou da força armada para exercer diversas ações no país.
Além de visarem o fim político da radicalidade cubana, apostavam nas guerrilhas e no uso de armas para conseguirem uma transformação política do Uruguai. Assaltos, sequestros e assassinatos faziam parte da conduta do grupo, que reunia, principalmente, socialistas, maoistas e anarquistas.
Realizando diversos assaltos, a maioria do dinheiro era destinada ao financiamento da organização e à distribuição de mantimentos entre os mais pobres das periferias urbana e rural da capital uruguaia. Durante muitos anos, os Tupamaros exerceram uma enorme influência na região — o que aterrorizava as autoridades.
No ano de 1972, Mujica foi alvejado com seis tiros. Quase morto, conseguiu sobreviver devido à ajuda médica, mas muitas das balas ainda permanecem em seu corpo. Depois disso, foi preso, dando início ao sofrimento mais longo de sua vida: os 12 anos de cárcere em péssimas condições.
A prisão acontecia um ano antes do golpe que daria início à violenta ditadura civil-militar uruguaia, uma das muitas que estavam assolando o continente latino-americano na época. O período autoritário perduraria de junho de 1973 até fevereiro de 1985.
Entre os 12 anos que permaneceu preso, 11 deles foram vividos na solitária. Pior do que permanecer preso em um local minúsculo era fazê-lo sozinho, incomunicável e com constantes provocações que tinham o intuito de enlouquece-lo. Tendo sua resistência testada, os guerrilheiros constantemente eram vítimas de maus tratos físicos e falta de alimento e água.
Foram nove os Tupamaros encarcerados junto com Mujica. No entanto, ele ficou mais próximo de dois: Mauricio Rosencof e Eleuterio Fernández Huidobro. No futuro, depois da prisão, eles se tornariam, respectivamente, jornalista e dramaturgo e jornalista e escritor.
Durante esse período, o rebelde vivia sob uma enorme introspecção. Hoje, diz que foram esses momentos que definiram quem ele é e afirma: “nada vale mais que a vida”. Resistiu, e deixou a prisão em 1985, com o fim da democracia no país. Sob uma lei de anistia, Mujica foi perdoado de seus crimes ligados à guerrilha cometidos desde 1962.
Depois da liderança no Movimento de Libertação Nacional e 12 anos de prisão, inúmeros membros dos Tupamaros somaram-se a outras organizações de esquerda e formaram o Movimento de Participação Popular, que passou a fazer parte da coalizão da Frente Ampla. Mujica se tornaria uma das maiores referências dentro do grupo.
Foi deputado, ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca, senador e presidente. De guerrilheiro subversivo à presidente da República, sua trajetória inspirou a esquerda sul-americana — e mundial. Depois do fim de seu mandato como líder máximo do país, permaneceu longe da política tradicional por pouco tempo, e foi eleito em outubro de 2019 como senador do Uruguai.
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