Embora tenha ganhado popularidade nos últimos anos, a musculação acompanha a história da humanidade
Não foi o Instagram que fez com que as pessoas quisessem ter um corpo “esculpido”, mostrado em muitas publicações de influencers e pessoas públicas, como artistas. Embora a rede social tenha aumentado a sensação de pertencer ou não a um padrão estético, a busca por um “corpo perfeito” já existia na Antiguidade.
“Esse culto ao exercício retorna à história apenas no século XIX, com as práticas higienistas. A musculação era vista como uma ferramenta de força, saúde, robustez e harmonia. Uma clara oposição aos corpos flácidos e doentios do colonial”, explica a educadora física e nutricionista Sue Lasmar, que não apenas estuda o universo, como vivencia diariamente o universo devido sua atuação como musa fitness.
Esculturas de corpos humanos feitas na Grécia Antiga apresentavam corpos musculosos e bem definidos, antes mesmo da popularização de academias modernas e do estilo de vida saudável. Ou seja, esse contexto é mais antigo do que pensamos.
Na Antiguidade
Atribui-se à Grécia Antiga a origem da musculação. Nos primórdios da prática, os antigos provavelmente usavam pedras como peso na cidade de Olímpia. Relatos de 1896 a.C., por exemplo, indicam que pessoas já praticavam arremesso de pesos, também com pedras, em competições.
Os Jogos Olímpicos da civilização podem ser considerados como síntese desse pensamento que prezava pelo exercício do corpo. É possível dizer que eles consolidaram a base para competições que temos até os dias de hoje, estabelecendo a musculação como uma prática formal.
Nelson Bittencourt, no livro “Musculação: uma abordagem metodológica”, publicado em 1984, aponta que os levantamentos de pesos “não faziam parte do programa oficial em Olímpia”.
“Entretanto, foi encontrada nesta cidade uma pedra com o peso de 143,5 Kg, com local para empunhadura e inscrições que diziam ter o atleta Bybom a levantado, acima de sua cabeça, com uma das mãos”, explicou.
O autor também levantou um exemplo importante do passado para demonstrar a origem do pensamento culturista. Segundo ele, Mílon de Crotona, que foi campeão nos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga seis vezes e ganhou seis vezes nos Jogos Píticos, treinava com um bezerro nas costas.
O atleta grego teria percebido que ao mesmo tempo que o animal crescia e ganhava peso, ele poderia obter mais força por meio do treinamento. Assume-se também que ele tinha uma dieta especial que ajudaria no treino.
Ao longo dos séculos
Isso, porém, acabou decaindo com o tempo. Na Idade Média, o culturismo foi deixado praticamente de lado, dando lugar a um período histórico que não dava importância às práticas corporais.
No século 19, as consequências da valorização do trabalho puderam ser vistas nas atividades físicas em geral. A partir disso, o exercício passou a ser considerado importante para fortalecer o corpo, que seria condicionado ao trabalho árduo. A musculação por si só, como esporte, ainda não existia.
“A prática da musculação só ganhou credibilidade no século XX, mais precisamente em 1939, quando ocorreu a regulamentação do Culturismo feito pela American Athetic Union”, explicou Nelson Bittencourt em sua obra sobre o tema.
No mesmo período, o evento Mr. América foi criado. Ele “avaliava os competidores pelos aspectos da hipertrofia, definição muscular, proporção entre as dimensões dos grupos musculares e sequência de poses”. Para o autor, “a criação desse evento e a regulamentação representam o auge da prática do culturismo até então”.
Nas últimas décadas
Embora a musculação tenha se tornado mais comum nos Estados Unidos, ela só chegou ao Brasil por volta dos anos 1980, quando a cultura pop transformou o imaginário da população. Conforme repercutido, Madonna, por exemplo, se tornou uma espécie de “objeto de consumo” dos brasileiros.
“No Brasil, academias como as que se conhece atualmente, só vieram a se popularizar com ajuda de elementos da cultura pop como filmes e celebridades. Um exemplo é o corpo de Madonna que se tornou o desejo do momento”. Além disso, ela destaca, “a introdução do aeróbico e a abertura econômica que facilitou a importação de equipamentos foi que deu o puxão final para que academias se tornassem lucrativas e mais democráticas”, destaca a educadora física.
Desde então, as academias se tornaram ambientes mais democráticos, que são frequentados tanto por profissionais da educação física quanto por pessoas que apenas querem ter um estilo de vida mais saudável. O último exemplo vem crescendo cada dia mais, principalmente pelo avanço do universo fitness.
“O mundo fitness cresceu muito por conta da busca das pessoas por uma vida mais saudável, justamente por conta de todas as doenças que existem atualmente. Por isso acredito que as pessoas estão buscando viver uma qualidade de vida melhor, comer alimentos mais saudáveis também, o que fez gerar este crescimento”, define Sue Lasmar.
Além disso, Sue reforça que a questão estética também é determinante para este crescimento: “Sim, também acredito muito que as pessoas estão buscando uma estética melhor, desejando ter uma aparência mais saudável e, principalmente, ter a saúde em primeiro lugar”, finaliza.
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