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Matérias / Lenda urbana

A curiosa lenda da Mulher da Capa Preta, parte da história de cemitério em Alagoas

Lenda urbana de Maceió existe há décadas e inspirou até bloco de carnaval

Eduardo Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 23/02/2023, às 21h00

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O túmulo da Mulher da Capa Preta, símbolo da lenda urbana de Maceió - Reprodução/O Cangaço na Literatura/YouTube
O túmulo da Mulher da Capa Preta, símbolo da lenda urbana de Maceió - Reprodução/O Cangaço na Literatura/YouTube

O bairro do Prado é um dos mais tradicionais de Maceió, a capital de Alagoas. Nele, o Cemitério Nossa Senhora da Piedade, um dos mais antigos a ser construído, chama atenção. Lá, um túmulo diferente do normal costuma chamar a atenção daqueles que visitam o local: o sepulcro de Carolina de Sampaio Marques, a Mulher da Capa Preta.

O túmulo de cor preta tem uma cruz em sua lápide com uma réplica, em mármore, de uma capa, esculpida por cima do crucifixo, como se o casaco estivesse jogado por cima do sepulcro. Esse é o símbolo de uma lenda urbana que começou no início do século XX, atraindo visitantes para o cemitério.

A lenda

Antônio Fidelis dos Santos, que há 10 anos deu uma entrevista para o G1 de Alagoas, morou no bairro do Prado desde que nasceu até seus 77 anos, e passou 35 desses trabalhando com limpeza no cemitério. Ele melhor do que ninguém poderia explicar a lenda da Mulher da Capa Preta.

A lenda contada por Antônio, que se assemelha a todos os outros principais relatos sobre a lenda, começa com uma ambientação de romance: um homem conhece uma linda mulher em um baile, por quem ele acaba se interessando. Os dois ficaram juntos a festa inteira. Normalmente, uma história que começa assim termina com “e viveram felizes para sempre”, mas esse não é um caso que segue os clichês de histórias de amor.

Quando o relógio apontou meia-noite, a bela moça pediu ao seu companheiro que a levasse até sua casa. Estava chovendo, então o homem pegou a capa que tinha levado e a cobriu com ela. No caminho, ela pediu que ele a deixasse na porta do cemitério, mas antes de se despedir confiou o endereço de sua casa ao cavalheiro.

Após deixar a moça no cemitério, o homem foi até o endereço que ela tinha passado e perguntou pela sua companheira de baile. O choque foi grande quando a família disse que não havia ninguém com o nome que ele havia dito no local, mas que aquele era o nome da filha do casal, que já havia morrido.

Achando que tinha caído numa pegadinha, ele foi até o cemitério ao lado da família e viu sua capa pendurada no túmulo da jovem com quem ele tinha passado a noite. Sua parceira não era nem viva e nem jovem, já que ela havia morrido com 52 anos, vítima de tuberculose que nunca se casou.

Cidade toda interessada

Onde a capa do homem foi supostamente encontrada está hoje uma capa de mármore, esculpida junto do túmulo de Carolina de Sampaio Marques. O casaco de pedra está ali há pelo menos 50 anos, como consta no relato de Euclides Correia da Silva, que também foi entrevistado pelo G1 Alagoas e trabalhou como pedreiro no cemitério por quatro décadas.

O túmulo diferente sempre atraiu diversas pessoas, especialmente no Dia de Finados, que iam ao cemitério saber mais sobre a lenda da Mulher da Capa Preta.

Carolina de Sampaio Marques nasceu em 21 de março de 1869 e faleceu em 22 de novembro de 1921. É só isso que se sabe sobre a personagem pelo seu túmulo, que ainda hoje é uma fonte de mistério para Maceió.

Bloco de carnaval

O pernambucano Marcos Catende estava passeando com sua namorada pela calçada do Cemitério Nossa Senhora da Piedade quando ouviu falar da lenda pela primeira vez. Ele ficou tão fascinado pela história da Mulher da Capa Preta que foi ao cemitério durante duas semanas para conseguir mais informações sobre a lenda urbana.

Bloco da Mulher da Capa Preta em 2015 - Reprodução/Bom Dia Alagoas/Globoplay12.02.2015

Ele, que já havia organizado um bloco de carnaval antes, começou a pensar na lenda como um bom tema carnavalesco para uma festa. Nasceu, assim, em 1999, o bloco da Mulher da Capa Preta, que desfilava em frente ao cemitério e pelas ruas do bairro do Prado.

O bloco saía de noite ao som de muito frevo, com foliões fantasiados de maneira fúnebre, alguns homenageando a lenda que dava nome à folia. O bloco deixou de acontecer em 2016 por conta de mudanças na legislação de Maceió que passaram a proibir festas de madrugada.