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Matérias / Meteorito

Alvo de Dom Pedro II e lendas: Meteorito Bendegó, o maior fragmento espacial encontrado no Brasil

O meteorito Bendegó é o maior já encontrado no Brasil, e um dos maiores do mundo

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 15/10/2022, às 16h00 - Atualizado em 12/01/2023, às 15h44

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Fotografia de 1888 do meteorito Bendegó, o maior já encontrado no Brasil - Foto por Marc Ferrez pelo Wikimedia Commons
Fotografia de 1888 do meteorito Bendegó, o maior já encontrado no Brasil - Foto por Marc Ferrez pelo Wikimedia Commons

Em 2018, o incêndio no Museu Nacional foi considerada uma das maiores tragédias do setor cultura e histórico do Brasil, com um grande acervo tendo sido diretamente afetado pelas chamas. No entanto, um artefato que estava ali dentro definitivamente não foi danificado: o famoso meteorito Bendegó.

O amontoado de 5,35 toneladas de ferro, níquel e mais alguns elementos químicos é o maior meteorito já descoberto em todo o Brasil — e um dos maiores do mundo. Encontrado no sertão baiano em 1784, o fragmento espacial não só resistiu ao incêndio do Museu Nacional, como também a um resgate um pouco atrapalhado, e até mesmo se tornou objeto de lendas locais. 

Meteorito Bendegó, o maior já descoberto no Brasil
Meteorito Bendegó, o maior já descoberto no Brasil / Crédito: Foto por Marc Ferrez pelo Wikimedia Commons

Descoberta

De acordo com o geólogo Wilton Pinto de Carvalho na Revista Brasileira de Geociências, como informado pelo portal Tilt em 2018, o meteorito foi encontrado no sertão baiano em 1784. No ano seguinte, porém, em uma tentativa de transportar a grande e pesada rocha espacial fez com que ela rolasse ladeira abaixo e se cravasse no solo, no leito do riacho Bendegó, onde veio a ficar então por mais de um século — e também inspirou no nome que lhe foi atribuído.

Foi só em 1888, após um alerta de pesquisadores franceses ao então imperador, Dom Pedro II, que o meteorito passou a compôr o acervo do Museu Nacional. Mas não sem antes a remoção de alguns pequenos fragmentos, para que ficassem em exposição em alguns museus da Europa — como o de Munique.

Meteorito Bendegó exposto no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em 2015
Meteorito Bendegó exposto no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em 2015 / Crédito: Foto por Museu Nacional pelo Wikimedia Commons

Transporte e lenda

A primeira tentativa de se mover o meteorito, em 1785, se mostrou um completo desastre, e já evidenciou o quanto a tarefa seria difícil de ser realizada. Então 100 anos depois, durante o governo de Dom Pedro II, toda uma comissão de engenheiros foi criada para tentar cumprir a difícil missão de transportá-lo do sertão baiano ao Rio de Janeiro.

Foi o Visconde de Paranaguá que encontrou uma solução: ele providenciou um carretão puxado por juntas de bois e que deslizava sobre trilhos. O carretão levou o fragmento espacial até Salvador, onde partiu, de navio, em direção à Recife e, por fim, ao Rio de Janeiro, em direção ao Museu Nacional.

No local em que o meteorito estava cravado desde o ano seguinte à sua descoberta, à beira do rio Bendegó, um obelisco — monumento em forma de agulha piramidal — foi erguido. Além dele, outro também foi feito na Estação Ferroviária de Jacurici, em homenagem aos serviços de engenharia realizados para o transporte.

No entanto, aquele primeiro foi destruído pela população local com o passar do tempo, e sob uma justificativa: os moradores acreditavam que a retirada da pedra do local tinha sido a causa de uma forte seca que atingiu a região.

O evento chegou até mesmo a ser retratado em versos de cordel: "Até o dia de hoje/ Provoca tristeza e encanto / Queremos nossa pedra de volta/ De volta pro nosso canto."

Fotografia de 1887 do meteorito Bendegó
Fotografia de 1887 do meteorito Bendegó / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons