O filme de 1978 foi um sucesso internacional, mas incomodou ambos os atores que alegaram pagamentos injustos na produção
Na segunda metade da década de 1970, a DC Comics e a Warner Bros se uniam para transformar as histórias de quadrinhos do Superman em uma obra cinematográfica. Com uma articulação imensa para selecionar um bom diretor para produzir o filme, a escolha dos atores ficou ao comando de Richard Donner.
Inicialmente, a produção era tão comentada e esperada nos bastidores que decidiram escalar apenas atores do alto escalão de Hollywood para a produção. Uma briga entre Burt Reynolds, Sylvester Stallone e Robert Redford movimentava a Warner, porém, sem conseguir um contrato que fosse bom para ambos os lados. Donner decidiu então buscar um ator menos conhecido para interpretar o homem de aço.
Cerca de 200 testes — incluindo Arnold Schwarzenegger, Patrick Wayne e até o campeão olímpico Bruce Jenner — foram feitos para encontrar o homem perfeito ao papel, sem sucesso. A escolha final acabou sendo um rapaz que, de acordo com os produtores, somava o físico perfeito com uma atuação maravilhosa: o então desconhecido Christopher Reeve.
Ao lado de Reeve, um ator classe A seria responsável por acompanhar seu estrelato nas telonas e auxiliar nas bilheterias. Marlon Brando foi escolhido para o papel de Jor-El, o pai biológico de Kal-El — que na Terra, se apresentava como Clark Kent. No filme, Jor-El aparecia nas cenas extraterrestres, em Krypton, enviando seu filho a Terra.
Quando as gravações iniciaram, Marlon já havia ganho dois Oscars, mas recusado o último, dando o status de indefectível ao ídolo. A experiência de Reeve com o ator poderia ser proveitosa, visto que o jovem, na época com 26 anos, estrelava seu segundo filme. A relação, no entanto, não foi tão agradável, como relatou anos depois em entrevista ao David Letterman.
A relação de Jor-El e Kal-El
Em 1982, Letterman rasgou elogios a Marlon antes de sua pergunta: “Eu sei que você trabalhou com ele em Superman por alguns dias. Alguma coisa interessante ocorreu nesse relacionamento?”. Reeve, ao contrário do que o apresentador esperava, fez questão de externar seu incômodo com o mesmo: “Não digo de maneira cruel, mas não gosto de adorar Marlon em um altar”, referindo-se ao culto midiático ao ator.
Reeve ainda acrescentou que o mesmo havia estagnado, sem buscar evoluir como ator, e continuou sendo reverenciado: “O que aconteceu é que a imprensa amava ele mesmo se o trabalho fosse ruim, bom ou indiferente, onde as pessoas pensavam que ele era uma entidade, não importa o que ele fizesse”. Surpreso com a resposta, Letterman insistiu: “Foi emocionante trabalhar com ele?”.
Ainda mais incisivo, Reeve foi claro: “Na verdade, não. Eu me diverti, mas ele não se importou, me desculpe. Pegou os 2 milhões [de dólares, pagos pela atuação] e correu”. Foi a maneira que Reeve, educadamente, externou o desconforto. Como desconhecido, ganhou uma quantia muito menor, mesmo sendo o intérprete mais importante da produção.
Margot Kidder, que interpretou Lois Lane, revelou em entrevista ao Hey U Guys, em 2016, o desconforto em relação ao endeusamento de Brando: “Recebíamos os salários mais baixos entre os atores. No segundo filme, tivemos que renegociar nossos contratos pois descobrimos que, em todo o mundo, nossas imagens estavam estampadas em latas de Pepsi, embalagens do Taco Bell, e não recebíamos nada por nossas imagens”.
Brando foi ainda mais firme e usou sua arrecadação imensa para tentar arrecadar ainda mais dinheiro após o lançamento da produção. O ator processou a distribuidora em US$ 50 milhões por acreditar que sua participação nos lucros da bilheteria não era suficiente. Marlon não ganhou o dinheiro, mas as cenas de Brando no segundo filme, que haviam sido gravadas durante a produção do primeiro, não foram utilizadas pois o mesmo simplesmente não a autorizou.
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