Há quase 15 mil anos, os habitantes da caverna Gough, na Grã-Bretanha, praticavam cerimônias macabras, que foram estudadas por pesquisadores
A caverna Gough, em Somerset, na Grã-Bretanha, é escavada por pesquisadores há anos. Naquele local, nossos ancestrais viveram há pelo menos 14.700 anos em uma cultura completamente diferente da qual estamos inseridos atualmente. Arqueólogos descobriram inúmeros mistérios durante as investigações.
Uma delas, inclusive, é polêmica. Os resultados obtidos nas pesquisas realizadas no local indicam que seus habitantes praticavam o canibalismo. Mais do que isso: eles não comiam outras pessoas por necessidade ou pela falta de comida, por exemplo. Isso acontecia como parte de um ritual.
É o que afirma a cientista Silvia Bello, integrante do Museu de História Natural de Londres, responsável por um projeto feito na caverna. “As evidências na Caverna de Gough apontam para uma cultura sofisticada de abate e esculpimento de restos humanos”, explicou a pesquisadora.
Durante a investigação, os arqueólogos descobriram restos de esqueletos humanos. Restos mesmo, porque a maioria dos corpos estava dilacerado, consistindo em fragmentos de ossos e membros separados. Os britânicos da Idade do Gelo provavelmente mastigaram os ossos encontrados.
Foram encontrados restos de inúmeros indivíduos, vítimas do canibalismo, como um adolescente e uma criança de mais ou menos três anos de idade. Costelas e ossos longos demonstraram que os habitantes da caverna roíam os corpos de outras pessoas, tirando a gordura dos restos.
No entanto, o canibalismo ia além de apenas comer os cadáveres dos indivíduos e roer seus ossos. O que restava poderia também ser usado de outra maneira. Crânios, por exemplo, chegaram a ser transformados em utensílios domésticos, como canecas. Embora pareça muito extremo, isso de fato acontecia há 15 mil anos na Grã-Bretanha.
Crânio como caneca?
O procedimento de tornar um crânio em uma xícara, tigela ou caneca foi muito comum ao longo da história. Os citas, os vikings, e muitos outros eram praticantes desse método, fazendo recipientes úteis com a cabeça de seus inimigos. No entanto, exemplos desse método são extremamente raros.
No caso da caverna de Gough, ao menos três crânios desse tipo foram encontrados, o que aumenta ainda mais a importância arqueológica do local. Um destes, inclusive, passou a ser exposto no Museu de História Natural de Londres em 2013.
“Os crânios foram escrupulosamente limpos de tecidos moles logo após a morte. As marcas mostram cortes nos lábios, bochechas e língua, e extração dos olhos”, disse Bello. Ela continua: “Em seguida, os ossos do rosto e a base do crânio foram cuidadosamente removidos. Finalmente, as abóbadas cranianas foram meticulosamente moldadas em taças”.
A pesquisadora explica que “as ranhuras e marcas de corte mostram como todos os tecidos moles, como a pele, eram removidos do crânio logo após a morte". A partir da análise dos três recipientes, foi possível perceber o modo como o objeto era desenvolvido a partir do osso, o que impressionou os cientistas."Foi um processo muito meticuloso dadas as ferramentas disponíveis", afirmou Bello.
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