O polêmico filme "Calígula", um ícone do cinema dos anos 1970, retornará às telas brasileiras em uma versão completamente restaurada; confira!
O polêmico filme "Calígula", um ícone do cinema dos anos 1970, retornará às telas brasileiras em uma versão completamente restaurada. Sob o nome "Calígula: O Corte Final", a nova edição será lançada pela distribuidora A2 Filmes e trará cenas inéditas que prometem surpreender o público.
Segundo informações divulgadas pela A2 Filmes, a reedição foi supervisionada pelo historiador Thomas Negovan, que criou uma "Edição Definitiva".
Para aprimorar a produção, efeitos visuais avançados foram usados para enriquecer os cenários e fundos, enquanto técnicas de inteligência artificial repararam diálogos danificados.
Além disso, a trilha sonora original foi substituída por uma nova composição. A estreia mundial da reedição aconteceu no Festival de Cinema de Cannes em 2023, e a A2 Filmes confirmou à CNN que o lançamento nos cinemas brasileiros será em dezembro.
O filme narra a trajetória do jovem romano Gaius Caesar Germanicus, mais conhecido como Calígula (Malcolm McDowell), que governou o Império Romano entre 37 e 41 d.C. No longa, durante o seu reinado, marcado por excessos e violência, ele mandou matar diversos membros da aristocracia senatorial, casou-se com sua irmã Julia Drusilla (Teresa Ann Savoy) e nomeou seu cavalo, Incitato, como senador.
A película começa com a morte do imperador Tibério (Peter O'Toole), assassinado por Calígula. Jovem, ambicioso e cruel, ele assume rapidamente o poder, eliminando seus inimigos políticos, promovendo orgias e eventos decadentes.
À medida que o tempo passa, Calígula se torna cada vez mais paranoico e violento, acreditando ser um deus e agindo impunemente. Ele manda matar amigos e familiares e envia seu exército para batalhas sem propósito. Ao final do filme, é assassinado por uma conspiração liderada por seu primo e ex-amante, Macro.
Segundo reportagem do The Independent, quando McDowell soube que um novo corte de "Calígula" estava sendo preparado, ele revirou os olhos, dizendo que "nunca mais queria falar sobre o filme".
Ao assinar para a produção, ele tinha grandes expectativas, com o roteiro de Gore Vidal e a direção de Tinto Brass, mas os problemas começaram com o financiamento do filme por Bob Guccione, fundador da revista masculina "Penthouse".
Guccione se desentendeu com Brass e, após o término das filmagens, inseriu cenas pornográficas secretamente, o que fez McDowell se sentir traído. O filme, lançado em 1980, foi um fracasso crítico.
Ao longo dos anos, McDowell instruiu seus agentes a não lhe encaminharem pedidos relacionados ao polêmico filme "Calígula". Contudo, essa postura mudou quando Thomas Negovan, proprietário de uma galeria de arte e cineasta, foi contratado pela empresa que assumiu a marca Penthouse.
"Muitas pessoas ao longo dos anos afirmaram que os arquivos relacionados a 'Calígula' eram notáveis", disse Negovan. "E basicamente me pediram para avaliar."
O que Negovan encontrou em um depósito em Los Angeles foram latas empoeiradas contendo negativos originais e material de áudio nunca usados ou vistos.
"Ninguém havia revisado essas caixas há décadas", disse ele ao The Independent. "Eles sabiam que estavam lá, mas nunca as haviam aberto." Esse achado foi suficiente para iniciar o meticuloso processo de reconstrução do filme, aproximando-o da visão original de Gore Vidal e Tinto Brass.
Negovan usou roteiro original de Vidal como ponto de partida para sua abordagem. "O que fiz na minha mente e no meu coração foi criar algo como um diagrama de Venn: aqui está o círculo do Malcolm, aqui está o do Gore, aqui está o do Tinto e aqui está o do Bob", explica ele.
Embora ainda contenha erotismo, o novo filme agora reflete mais fielmente a visão original de Vidal e Brass, sem o tom pornográfico excessivo. McDowell, que se sentia desconectado do projeto, foi convencido a assistir ao novo corte e se surpreendeu ao ver sua interpretação de Calígula de forma mais completa, contou a reportagem.
A nova versão, que inclui cenas inéditas e expande o papel de Helen Mirren, resgata a reputação do filme. McDowell, emocionado, agora "vê o filme como ele deveria ter sido", embora sinta tristeza por Gore Vidal, que faleceu sem ver a reconstrução.
“Os últimos 45 minutos do filme são todos novos”, disse McDowell. “Ou nunca foram vistos antes. Acho que Guccione simplesmente ficou entediado com isso e disse: 'Vamos encerrar aqui e matá-lo e pronto. Vamos lançar.'”