Embora pareça uma expressão comum atualmente, "4:20" carrega um curioso significado desde a década de 1970; entenda as sessões do filme Bob Marley: One Love
Um número cada vez maior de artistas e influenciadores falam abertamente, hoje em dia, sobre o consumo de uma droga que, em muitos países — incluindo o Brasil —, continua sendo ilegal: a maconha.
Porém, embora o assunto seja razão de polêmica, desde décadas atrás a bandeira do uso recreativo da cannabis é levantada em diferentes lugares do mundo.
Com o passar dos anos, cada vez mais é debatida a legalização da maconha, seja para uso medicinal, ou para o uso recreativo. Em meio a isso, ocorrem diversas manifestações em prol dela, como a Marcha da Maconha, além de um evidente avanço em pesquisas em torno da planta, em países e regiões legalizadas.
+ O dia em que Glória Maria experimentou maconha durante uma reportagem
Porém, embora a maconha seja debatida e usada em vários lugares do mundo de formas diferentes, com costumes diferentes entre seus usuários e em suas próprias culturas, existe uma expressão que se tornou tão popular ao ponto de ser conhecida em quase qualquer lugar. Isso seria a utilização do "4:20" como o "horário da maconha".
O assunto chamou atenção recentemente com a estreia de 'Bob Marley: One Love', que retrata a vida íntima e pública de um artista que, entre outros temas, defendeu a legalização da maconha.
Assim, redes de cinemas em diferentes estados marcaram sessões do filme para 16h20. O horário, ou 4:20 PM, é associado ao consumo da erva. Afinal, por que o horário ganhou tal fama?
Conforme repercute a Super Interessante, a expressão surgiu ainda no início da década de 1970, em meio a um grupo de estudantes da cidade de San Rafael, na Califórnia — estado esse em que, inclusive, é legalizado o consumo da droga nos dias de hoje —, nos Estados Unidos.
Esse grupo de estudantes, que se autodenominaria com o apelido de "Waldos" marcavam encontros num muro — daí o apelido, afinal, "wall" é a palavra em inglês para "muro" — do lado de fora de onde estudavam para conseguirem conversar e fumar maconha juntos.
Em 1971, esses amigos encontraram um mapa feito à mão que os levaria a uma plantação de maconha em Point Reyes, próximo à São Francisco. Então, para que saíssem em busca do "tesouro" sem chamar atenção, utilizavam o código "4:20 Louis" como sinal para se encontrarem às 16h20 (lembrando que, nos Estados Unidos, as convenções de horário utilizam 4:20 pm) em frente a uma estátua do químico francês Louis Pasteur.
+ Como a maconha preserva templos de 1.500 anos na Índia
Embora tenham buscado em diferentes momentos a quase mítica plantação de maconha, os amigos nunca encontraram um pé sequer. No entanto, eles não abandonariam o código 4:20.
A sequência passou a ser utilizada como uma forma mais sutil de convidarem uns aos outros para usar a erva. Eventualmente, a gíria seria adotada por amigos e conhecidos dos Waldos, entretanto, uma peça chave para a verdadeira popularização seria uma banda de rock californiana: Grateful Dead.
Fundada na própria Califórnia, berço do movimento hippie, foi em shows dessa banda (conhecida por hits como 'Touch of Gray' e 'Truckin') que começaram a circular panfletos utilizando a gíria, que chamava atenção no estado.
Então, em dezembro de 1990, um desses panfletos foi descoberto por Steve Bloom, editor da High Times — já existente na época, sendo uma das primeiras revistas sobre maconha dos Estados Unidos —, o que levaria à eventual popularização do horário por todo o país. E, eventualmente, ao redor do mundo.