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Matérias / Arqueologia

Como a maconha preserva templos de 1.500 anos na Índia

As Grutas de Ellora são um dos maiores complexos de caverna de templos do mundo e revelaram conhecimentos incríveis do passado

Isabela Barreiros Publicado em 11/12/2021, às 07h00

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Um dos templos das Grutas de Ellora, na Índia - Abhideo21 via Wikimedia Commons
Um dos templos das Grutas de Ellora, na Índia - Abhideo21 via Wikimedia Commons

O sítio arqueológico de Ellora, localizado no distrito de Aurangabad, em Maharashtra, na Índia, é um dos maiores complexos de cavernas do mundo que conta com templos hindus impressionantemente escavados em rocha.

No local, declarado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1983, existem mais de 100 cavernas que guardam 12 templos budistas, 17 hinduístas e 5 jainistas, que remontam do período entre 600 a 1000 d.C.

Construídos há cerca de 1.500 anos, os templos foram escavados nos penhascos de basalto e armazenam uma série de monumentos religiosos, assim como obras de arte principalmente budistas e jainistas.

Templo de Kailasa nas Grutas de Ellora, na Índia / Crédito: Vyacheslav Argenberg via Wikimedia Commons

A região foi escavada entre os séculos 6 e 11, mas pesquisadores voltaram sua atenção às Grutas de Ellora em 2016, quando decidiram investigar o material usado como revestimento de um dos templos do sítio arqueológico.

Rajdeo Singh, químico da Archaeological Survey da Índia, e Milind M. Sardesai, pesquisador da Universidade Dr. Babasaheb Ambedkar Marathwada, perceberam que o local estava repleto de maconha.

Por meio de um escaneamento com microscópio eletrônico, uma espectroscopia de infravermelho e análises microscópicas, os cientistas conseguiram encontrar fibras de Cannabis sativa no templo em questão.

Vestígios de Cannabis sativa descobertos pelos cientistas / Crédito: Divulgação

De acordo com o estudo, publicado na revista científica Current Science ainda naquele ano, os responsáveis pela construção do templo usaram uma espécie de mistura de cannabis, cal e argila para revestir e proteger tetos e paredes do templo de Ellora.

Ou seja, foi possível concluir que os monges que rezavam todos os dias naquele local estavam cercados de maconha, como destacou o jornal O Globo na época em que a descoberta foi divulgada.

“A fibra da cannabis parece ter melhor qualidade e durabilidade que outras fibras”, explicou Sardesai ao site Discovery News. “Além disso, a goma da cannabis tem propriedades adesivas que podem ter ajudado a cal e a argila a formar uma pasta firme”, acrescentou.

A descoberta foi importante para mostrar que o material apresenta alta durabilidade, sendo capaz de sobreviver a um longo período de tempo, mesmo com fatores hostis do ambiente, como alta umidade em decorrência das chuvas que atingiram o sítio arqueológico.

Templo de Kailasanatha nas Grutas de Ellora, na Índia / Crédito: Vyacheslav Argenberg via Wikimedia Commons

“Ellora provou que apenas 10% de cannabis em misturas com cal e argila podem durar por mais de 1.500 anos”, declarou Singh sobre o estudo.

Além de provar que o material feito com maconha poderia durar bem mais que o período entre 600 a 800 anos, como estudos anteriores sugeriam, os pesquisadores também apontaram que a substância não foi usada em outros templos da mesma região.

Construções da Grutas de Ajanta, que remontam ao século 2, mostram sinais de degradação mais agudos que os templos do sítio de Ellora. Os insetos foram responsáveis por pelo menos 25% dos danos das pinturas, de acordo com Singh — mas isso não ocorreu em Ellora.

Grutas de Ellora / Crédito: Vyacheslav Argenberg via Wikimedia Commons

A maconha era reconhecida como capaz de regular a umidade do interior da caverna, resistir a pestes e atrasar a propagação do fogo e absorção da água, o que os moradores da região, no século 6, sabiam muito bem.

“Infelizmente, na Índia a cannabis ficou má falada por causa das propriedades narcóticas”, disse Sardesai. “Mas os artistas antigos conheciam o seu lado bom”, completou.


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