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Matérias / Cinema

A aposta em cavalos e o cinema

No final do século 19, uma aposta de dois homens influentes nos ramos empresarial e político dos Estados Unidos ajudou no desenvolvimento do cinema

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 10/11/2024, às 11h00

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Foto tirada por Eadweard Muybridge que comprova que um cavalo tira os quatro cascos do chão durante um galope - Getty Images
Foto tirada por Eadweard Muybridge que comprova que um cavalo tira os quatro cascos do chão durante um galope - Getty Images

Tudo começou como uma aposta de dois homens influentes nos ramos empresarial e político dos Estados Unidos. De um lado estava Leland Stanford, magnata ferroviário e ex-governador da Califórnia, do outro, seu amigo, Frederick MacCrellish

Stanford era ferrenho defensor de que, numa corrida de cavalos, o animal, por pouco tempo que fosse, era capaz de tirar as quatro patas do solo e "flutuar" durante seu galope. MacCrellish acreditava que isso era impossível.

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Por mais que os dois olhassem atentamente cada movimento do equino, chegar a um acordo parecia algo impossível. Assim, Leland decidiu financiar uma pesquisa de Eadweard Muybridge, um requisitado fotógrafo que ganhou notoriedade por registrar paisagens e padrões arquitetônicos.

A aposta e o cinema

Em 1878, Muybridge usou alguns lençóis brancos e um conjunto de câmeras que disparavam quando o cavalo passava diante delas por meio de um dispositivo elétrico, criado por John D. Isaacs.

No dia 11 de junho daquele ano, a primeira tentativa bem-sucedida ocorreu após Eadweard utilizar uma série de 12 câmeras estereoscópicas, a uma distância de 21 polegadas uma das outras, que capturaram os 20 pés tomados por um galope de um cavalo. A técnica permitiu registros de milésimos de segundos diferentes.

Sequência de fotos de Muybridge feita com 16 câmeras / Crédito: Getty Images

Popularmente, essas fotos ficaram conhecidas como The Horse in Motion, e ajudaram a comprovar que o magnata estava certo — com os registros mostrando que todos os cascos do animal ficam, por um instante, longe de um contato com o solo.

Mas não só isso, Muybridge percebeu que, ao exibir as doze fotos rapidamente, uma em sequência da outra, era possível ter a sensação de que as imagens estavam em movimento. 

Isso fez com que o fotógrafo criasse o zoopraxiscópio, que em grego significa Zoe ("vida")  + Praxis ("exercício da vida humana") + Scópio ("Observar") = Dispositivo de Observar a Vida em seu Exercício. O conceito foi percursor do princípio básico usado no desenvolvimento do cinema.

O invento de Muybridge, que naquela época já era muito aclamado pelos cientistas, se tornou ainda mais popular ao ser exibido na Exposição Universal de 1893, em Chicago. Lá, o fotógrafo deu uma série de palestras sobre a locomoção de animais.

O espaço também contava com um enorme salão onde estava seu zoopraxiscópio, que serviu para mostrar retratos em movimento para o público presente — o que fez com que a exposição fosse considerada o primeiro cinema comercial da história.

A carreira de Muybridge não se resumiu ao grande feito. Entre 1883 e 1886, ele fez um total de 100.000 imagens trabalhando sob o aporte financeiro da Universidade da Pensilvânia. Neste período, foram publicados 781 placas com 20.000 de suas fotografias em uma coleção chamada Animal Locomotion.

Um casal em movimento / Crédito: Domínio Público

Muybridge realizou diversos estudos de movimento com inúmeros personagens diferentes, que iam desde pessoas descendo alguns degraus de uma escada até pássaros voando e um bisão galopando. Outras obras bem conhecidas de sua autoria são 'Um Casal em Movimento' e 'Mulher Descendo as Escadas'.