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Matérias / Animais

A alarmante história da orca Lulu, um dos indivíduos mais contaminados já encontrados

Encontrada morta no ano de 2017, a orca surpreendeu profissionais devido à grande quantidade de substâncias tóxicas em seu corpo

Giovanna Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 16/03/2021, às 17h01

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A orca Lulu foi encontrada morta no ano de 2016 - Divulgação/HWDT.ORG
A orca Lulu foi encontrada morta no ano de 2016 - Divulgação/HWDT.ORG

Durante o século passado, muitas indústrias dos mais variados ramos, da produção de tintas a equipamentos elétricos, utilizavam produtos químicos sintéticos chamados bifenilos policlorados, também conhecidos como PCBs.

De acordo com a BBC, em reportagem de 2017, o motivo para seu uso em tão grande escala se devia ao fato de serem resistentes a pressões e temperaturas extremas. Entretanto, em razão da enorme toxicidade dos PCBs, países em todo o mundo começaram a proibir seu uso a partir da década de 1970.

Ainda que as indústrias tenham deixado de utilizá-los, esses produtos ainda permanecem no meio ambiente, gerando graves problemas de saúde em animais e em seres humanos, já que demoram muito tempo para se decompor.

E é assim que chegamos à triste história da orca Lulu, vítima da poluição dos mares provocada pela ação humana, com uma chocante história revelada em 2017.

A orca Lulu - Crédito: Divulgação/Museu Nacional da Escócia

A morte de Lulu

Lulu tinha cerca de vinte anos quando foi encontrada morta em 2017. Conforme os especialistas relataram na época, ela teria ficado presa em uma rede de pesca, o que foi fatal. Contudo, quando realizaram testes de nível de PBCs no animal todos ficaram surpresos e logo levantaram a hipótese de que a rede não teria sido o único motivo que o levou à morte.

Em entrevista à BBC, o veterinário e então chefe do Scottish Marine Animal Stranding Scheme, Andrew Brownlow explicou que os níveis são medidos em miligramas por quilograma de lipídios (ácidos graxos). Segundo ele, o limite de concentração de PCBs aceitável em cetáceos, isto é, sem que os animais sofram com problemas graves, é de aproximadamente 20-40mg/kg. 

Porém, segundo o especialista, “Lulu tinha um nível de PCBs de 957mg / kg e isso a coloca como um dos indivíduos mais contaminados que já vimos.”

Lulu tinha 20 anos quando morreu - Crédito: Divulgação/Scottish Marine Animal Stranding Scheme

O especialista afirmou ainda que esses produtos podem prejudicar o cérebro, além dos sistemas imunológico e reprodutor, o que afetou Lulu. "Examinando seus ovários, percebemos que não havia nenhuma evidência de que ela tivesse sido reprodutivamente ativa ou que tivesse tido filhotes," afirmou o veterinário.

Segundo Brownlow, é muito provável que a orca tenha tido o cérebro afetado pelos PBCs, uma vez que é raro ver indivíduos desta espécie em tal situação. 

O esqueleto da orca está no Museu Nacional da Escócia - Crédito: Divulgação/Museu Nacional da Escócia

Contudo, para o professor Ian Boyd além de se tratar de uma situação preocupante, deve-se levar em consideração a idade da orca.

"Lulu era bastante velha, então ela teria acumulado PCBs ao longo de sua vida e essa é a razão de ela ter níveis tão altos. É um legado que ela carregou desde seus primeiros anos, provavelmente," disse ao veículo britânico.

Até a divulgação, o esqueleto da orca poderia ser encontrado no Museu Nacional da Escócia, onde era alvo de estudos por profissionais da área.


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