Mais lidas: Também fã de RPGs e metal, como o Eddie de 'Stranger Things', Damien Echols foi associado a um crime cruel, marcando a história da Justiça norte-americana
O personagem Eddie Munson chegou na quarta temporada de ‘Stranger Things’ conquistando o público com seu jeitinho underdog de ser; roqueiro fanático, ostentando camisetas de Dio e chegando a interpretar clássico do Metallica, ele é conhecido pela comunidade local do seriado como o fundador de um clube de RPG e repetente notório no colégio da cidade.
Durante o seriado, no entanto, seu comportamento rebelde associado ao culto de figuras antagonistas ao cristianismo, como os próprios ícones do metal que fizeram grandes canções sobre Satanás, ou o RPG que ele joga, com fantasias de feitiçaria e poderes paranormal, faz com que seu nome seja associado a um crime que ele nunca cometeu, mobilizando os protagonistas da série.
Contudo, se engana quem acredita que o personagem foi criação unicamente da mente dos autores da produção; Eddie, na verdade, é inspirado em uma pessoa real que chamou atenção da população norte-americana durante o início da década de 1990 — não apenas por semelhanças físicas e comportamentais, mas pela associação a um crime chocante.
De acordo com os próprios produtores da série através de uma publicação em página oficial da Netflix no Twitter, Eddie foi “livremente modelado” com base em Damien Echols, alvo de uma famosa execução penal que ocorreu nos Estados Unidos.
Assim como o personagem da ficção, o fanatismo por RPG e metal foi suficiente para que o jovem fosse associado a uma série de assassinatos cruéis que ocorreram na cidade natal de Damien, em West Memphis, no Tennessee. Por lá, ele e amigos administravam um clube de Dungeons and Dragons chamado "Gryphons & Gargoyles" (‘Grifos e Gárgulas’, em tradução livre).
Contudo, a pura relação de culto a figuras controversas em músicas e jogos foi suficiente para que os membros do grupo fossem acusados, em 1994, um ano após os crimes. Damien, por sua vez, foi condenado à morte, e outros dois integrantes do grupo que inspirou o ‘Hellfire Club’ de 'Stranger Things', à prisão perpétua.
Contudo, não havia evidências materiais ou nas amostras coletadas pela equipe de investigação que apontasse que o grupo realmente esteve nos locais do crime, angariando a atenção de celebridades estadunidenses para protestarem contra a decisão ligada ao culto de objetos ficcionais, ganhando força para a paralisação da execução penal.
Após 18 anos presos, em 2010, a investigação foi reaberta e os exames de DNA, agora com equipamentos modernos, foram refeitos, novamente sem apontar nenhuma interferência dos rapazes no caso.
Desta vez, a justiça acatou a inocência, com o grupo sendo imediatamente libertado. Damien, por sua vez, se tornou uma referência nacional de prisões injustas, viajando o país para debater sobre sua história e a interferência cultural.