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Matérias / Família imperial brasileira

5 fatos para entender a queda da monarquia no Brasil

Em 15 de novembro de 1889, golpe dado pelo Marechal Deodoro da Fonseca expulsou a Família Imperial do Brasil e instalou a República

D. Pedro II em fotografia de Joaquim Insley Pacheco - Domínio Público via Wikimedia Commons
D. Pedro II em fotografia de Joaquim Insley Pacheco - Domínio Público via Wikimedia Commons

O dia 15 de novembro de 1889 amanheceu como qualquer outro no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. A data, porém, ficará marcada para sempre em nossa história por conta da Proclamação da República

Além da instauração do presidencialismo, com Marechal Deodoro da Fonseca sendo o primeiro presidente do país, o 15 de novembro também marca a expulsão da família imperial brasileira das terras tupiniquins — sendo obrigados a se exilaram na França no Império Austro-húngaro.  

'Proclamação da República', de Benedito Calixto / Crédito: Domínio Público

Mas o que aconteceu com a Família Imperial brasileira após a proclamação da república? Entenda o assunto em cinco curiosidades; confira!

1. Assunto pouco estudado

Apesar dos 135 anos da Proclamação da República, o que aconteceu com o Império segue sendo um assunto pouco estudado até mesmo nos dias atuais. Mas detalhes sobre a família imperial e os monarquistas foram esmiuçados pela historiadora Mary del Priore no livro 'Segredos de Uma Família Imperial' (ed. Planeta). 

Em entrevista à Revista Aventuras na História, feita pelo jornalista Marcus Lopes, Mary aponta que a pauta perdeu relevância, pois logo após a proclamação da República, "a vida das elites se tornou assunto de última importância sendo até considerado inadequado frente à herança de desigualdade e das escravidões em nossa História". 

Por isso, só se estudam excepcionalmente os barões do Império e, junto com eles, o destino da família imperial", discorre. 

2. Pegos de surpresa

Em seu livro, Mary del Priore aponta que a família imperial não tinha ideia de que Deodoro da Fonseca estava orquestrando um golpe para acabar com a monarquia e instaurar a República. "O imperador e a princesa certamente foram pegos de surpresa". 

Marechal Deodoro da Fonseca, o militar que proclamou a República - Wikimedia Commons

Mas nem com todos foi assim. A historiadora aponta que a única exceção foi o conde d’Eu, que desconfiava do que estava acontecendo: "Tendo servido nos exércitos espanhóis às vésperas da República na Espanha, ele soube reconhecer, antes de qualquer um, o movimento republicano no seu nascedouro". 

A participação do conde na Guerra do Paraguai e também seu convívio com os militares lhe fizeram ficar inteirado sobre o ressentimento que alvorecer nas tropas. "O descaso do imperador com a luta de brasileiros em condições horrorosas — falta de alimentos, armas, roupas — e a falta de consideração com o Exército só alimentou o sentimento de abandono". 

Mary conta que os rumores sobre a insatisfação dos militares já circulava há tempos; o que pode ser comprovado até mesmo por uma carta escrita pelo próprio conde d’Eu à condessa de Barral, onde reconhece o aborrecimento, mas argumenta que não há nada que possa ser feito em relação a isso. "O imperador lhe parecia impenetrável. Não ouvia ninguém e estava alheio à opinião pública", diz a historiadora.


3. O cenário

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Capa do livro 'Segredos de uma Família Imperial' - Divulgação

Em 'Segredos de Uma Família Imperial', a historiadora Mary del Priore descreve os motivos que levaram à queda do Império, como a insatisfação da elite agrária pós-abolição; ou o aborrecimento dos militares depois da Guerra do Paraguai.

Mary cita também a desorganização dos próprios grupos monarquistas em elaborar um plano nacional organizado de resistência contra os republicanos. "Foi tudo um processo". 

"Mas é bom lembrar que o final do século 19 assistiu ao surgimento de grupos com ideias liberais que propunham a transformação da sociedade. Eram anticlericais, livres-pensadores, abolicionistas, anarquistas, socialistas, positivistas, espíritas, maçons e protestantes. Cada qual se movendo num espaço circunscrito. Tinham um objetivo comum: a busca de um Estado laico e da República. Queria-se saúde, saneamento, educação", contextualiza. 

Os grupos também vislumbravam a modernidade gozada na Europa, uma visão mais civilizada de sociedade, repleta de motores, métodos científicos, voto, consumo. "A perspectiva de um Terceiro Reinado com a princesa Isabel, como comprovado por vários historiadores, era coisa de um pequeno grupo. Suas regências passaram longe de corresponder às aspirações de um tempo que mudava em velocidade até então desconhecida".


4. A resistência

Pr outro lado, aponta Del Priore em seu livro, também existiram grupos de resistência, que lutaram pela manutenção da monarquia no Brasil. "Mas foram episódios locais e de pouca repercussão", salienta.

Família Imperial Brasileira - Domínio Público

"A correspondência entre Isabel e os monarquistas da capital ensejou o sonho da restauração com o príncipe d. Luís (um dos filhos da princesa e do conde d’Eu). Mas quando vemos a imediata adesão dos antigos apoiadores do império à República, e Gilberto Freyre os entrevistou em Ordem e Progresso, vê-se que o apoio era localizado e que rapidamente se dividiu em projetos diversos", aponta. 

Mary explica que não houve nenhum movimento de resistência que integrasse as exigências pelos paulistas, cariocas, mineiros, maranhenses, entre outros. "Havia, sim, um grande saudosismo do imperador. A falta de dinheiro para movimentar uma reação foi outro empecilho. A família imperial saiu sem um tostão do Brasil e enfrentou dificuldades financeiras até o final. Nunca contou com dinheiro da nação ou com os cofres públicos. Ela foi exemplar se a comparamos com os exemplos de corrupção que a República nos deu e dá".


5. O retorno de Pedro II

Por fim, May del Priore aponta que, além dos motivos citados acima, os monarquistas também estiveram divididos sobre o destino da Coroa. "Os cariocas queriam o legítimo herdeiro, d. Pedro de Alcântara, obrigado a renunciar pelos pais. Ele teve a coragem de trocar o amor de sua vida pelo trono". 

Já São Paulo, queria dom Luís, que se apresentou como candidato trazendo junto um programa de governo. Até hoje não há consenso e, como já não havia antes, o partido se enfraqueceu". 

Mary cita que a República Velha (1889 até 1930) nasceu com diversas guerras internas, que mergulharam o Brasil em poças de sangue, como Canudos, Revolta da Armada, Contestado, além da crise financeira provocada pelo Encilhamento. "Enfim, os tempos não deixaram o projeto monarquista respirar".