Alvo de críticas, movimento que visa proibir livros tem promovido uma série de projetos legislativos sobre o tema por todo o país
Grupos de direita nos Estados Unidos estão pressionando por uma legislação que busca impor novos limites sobre os livros permitidos nas bibliotecas escolares. Essa iniciativa tem sido alvo de críticas, pois frequentemente se concentra em questões relacionadas à comunidade LGBTQ+ ou à raça, além de promover valores sociais conservadores. Entre as obras afetadas por essas tentativas de censura estão clássicos como "A Cor Púrpura" e "Matadouro Cinco".
De acordo com o portal The Guardian, os opositores dessas propostas argumentam que elas violam direitos individuais ao impor crenças pessoais a pais e filhos que não compartilham dessas opiniões. Já os defensores afirmam que as restrições evitariam a exposição infantil a conteúdos considerados sexualmente explícitos ou obscenos e fortaleceriam os direitos dos pais.
Segundo a American Library Association, há pelo menos 112 propostas de lei estaduais em tramitação que visam ampliar a definição de material considerado obsceno ou "prejudicial a menores", além de limitar a autonomia dos bibliotecários na seleção de obras para suas coleções. Algumas dessas leis já foram consideradas inconstitucionais pelos tribunais, e outras propostas provavelmente enfrentarão contestações legais caso sejam aprovadas.
Essa disputa em torno das bibliotecas escolares reflete um novo capítulo da guerra cultural nos Estados Unidos sobre como lidar com raça, orientação sexual e identidade de gênero.
Embora a censura a livros não seja um fenômeno novo, a quantidade de projetos legislativos sobre o tema aumentou significativamente nos últimos anos. De acordo com a American Library Association, em 2014 havia 183 títulos alvo de remoção de bibliotecas públicas e escolares, número que saltou para 4.240 em 2023, embora essa lista não seja exaustiva.
Deborah Caldwell-Stone, diretora do escritório de liberdade intelectual da associação, destaca que grupos como o Moms for Liberty têm coordenado esforços para excluir livros que consideram inadequados, buscando que escolas e bibliotecas públicas reflitam suas visões pessoais, políticas, morais ou religiosas.