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Notícias / Arqueologia

Vestígios de serviço militar são encontrados em esqueleto checo do século 19

Esqueleto do século 19 encontrado na República Tcheca pertenceu a antigo soldado, segundo evidência física encontrada nos dentes

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 05/02/2025, às 13h00

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Crânio de soldado do século 19 descoberto na República Tcheca - Divulgação/Centro Arqueológico de Olomouc
Crânio de soldado do século 19 descoberto na República Tcheca - Divulgação/Centro Arqueológico de Olomouc

Em 2012, arqueólogos descobriram durante escavações na cidade de Majetín, na região de Olomouc, na República Tcheca, um esqueleto que pertenceu a um homem que morreu com entre 30 e 50 anos, e tinha cerca de 1,74 m de altura. Mas só agora, mais de uma década depois, novos detalhes sobre o indivíduo foram revelados.

O novo estudo determinou que o esqueleto pertenceu a um soldado da região, que costumava abrir cartuchos de pólvora com os dentes, o que provocou danos permanentes em seus incisivos. Além disso, reforçam a hipótese vestígios de pólvora encontrados em seu tártaro dentário, o que fornece detalhes sobre a vida diária e os estresses físicos enfrentados pelos soldados da época.

Conforme descrito em comunicado do Centro Arqueológico de Olomouc, os três dentes incisivos inferiores do indivíduo apresentavam sinais definitivos de estresse mecânico repetitivo, que os pesquisadores acreditam ter sido causado pelo hábito de usar os dentes para rasgar cartuchos de pólvora.

Os dentes do soldado estavam enfraquecidos por atividades repetidas, e esse estresse pode ter resultado na quebra das coroas dos dentes", pontua o antropólogo Lukáš Šín, líder do estudo, no comunicado.
Dentes desgastados de esqueleto descoberto na República Tcheca / Crédito: Divulgação/Centro Arqueológico de Olomouc

Vale mencionar que existem diversos registros históricos do fim do século 18 e início do 19 em que são indicados que os soldados costumavam carregar suas armas de fogo mordendo cartuchos de papel contendo pólvora e balas, separando a pólvora antes de despejá-la no cano das armas.

Essa prática foi documentada em diversos manuais militares, mas até recentemente não havia qualquer evidência direta que a comprovasse. O esqueleto descoberto em Majetín é o primeiro caso documentado de recuperação de restos mortais que confirma esse método na República Tcheca.

Posteriormente, em 2017, novas evidências que comprovam a hipótese surgiram, depois que uma análise química do tártaro dental daquele indivíduo apontaram concentrações significativas de enxofre, um componente crucial na pólvora. "O enxofre da pólvora não apenas contaminou a cavidade dentária e o tártaro, mas também contribuiu para expor o leito dentário e causar gengivite", explica Šín.

Crânio de soldado do século 19 descoberto na República Tcheca / Crédito: Divulgação/Centro Arqueológico de Olomouc

Vida militar

Além dos desgastes nos dentes, o esqueleto também apresentava diversos danos nas vértebras lombares. Isso, por sua vez, sugere que a vida militar de sua época era bastante difícil, incluindo longas marchas suportadas pelos soldados.

Datado de algum período entre o fim do século 18 e início do 19, aquele soldado viveu justamente na época em que armas de fogo de carregamento frontal eram usadas em conflitos militares. Agora, os restos mortais estão mantidos preservados nos arquivos do Centro Arqueológico de Olomouc.