A curiosa relíquia remontaria a um período em que o cristianismo era proibido pelos governantes japoneses
Pesquisadores do governo da província japonesa de Nagasaki anunciaram na última terça-feira, 16, terem encontrado um vaso possivelmente usado por japoneses cristãos do século 17 durante a condução de celebrações religiosas secretas.
No chamado período Edo (1603 - 1868), o Japão foi governado pela família Tokugawa, e viveu em relativa paz após anos de guerras. As políticas da dinastia estabeleciam o isolamento político e econômico, a valorização das artes, e, o que é relevante para esta notícia, a proibição do cristianismo.
Praticantes da religião enfrentavam, portanto, a perseguição por parte das autoridades, e, caso quisessem continuar seus costumes sagrados, precisavam realizá-los às escondidas.
Esses indivíduos eram conhecidos como "cristãos ocultos", e, segundo teorizam os arqueólogos de Nagasaki, o dono original de um curioso vaso datado do início do século 17 que foi analisado por eles faria parte deste grupo.
Conforme repercutiu o portal Arkeonews, o artefato teria sido levado até eles por um homem que o recebeu como herança de família. O objeto histórico teria passado de geração em geração, sendo tratado com grande reverência, a ponto de apenas o chefe da família ter permissão de olhá-lo. Sua função, no entanto, não era clara.
O motivo por trás da teoria dos pesquisadores é uma pequena inscrição na base do vaso. Trata-se da palavra "Escensia", que significa "óleo perfumado". Assim, foi concluído que a relíquia seria usada como recipiente para os óleos sagrados que faziam parte das antigas liturgias secretas realizadas pelos japoneses cristãos do período Edo.
Como existem poucos artefatos que sobreviveram a essa época de proibição da religião no país, o vaso é considerado ainda de grande valor para a reconstrução da história local.