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Notícias / Arqueologia

Tesouros de Gaza desafiam a destruição em exposição histórica em Paris

Mostra no Institut du Monde Arabe reúne artefatos milenares resgatados, oferecendo um vislumbre da rica história da região em meio ao conflito

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 07/04/2025, às 18h00

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Exposição com artefatos de Gaza - Reprodução/Vídeo/YouTube/The National News
Exposição com artefatos de Gaza - Reprodução/Vídeo/YouTube/The National News

O Institut du Monde Arabe (IMA) de Paris inaugurou uma exposição comovente que lança luz sobre a rica herança arqueológica de Gaza, um testemunho de sua história milenar que resiste ao cenário de guerras e devastação implacáveis.

Intitulada 'Rescued Treasures of Gaza: 5.000 Years of History' (Tesouros resgatados de Gaza: 5.000 anos de história), a mostra, que segue até 2 de novembro de 2025, apresenta mais de 130 artefatos que narram a trajetória de Gaza como um ponto crucial de cultura e comércio entre a Ásia, a África e o Mediterrâneo.

Os artefatos expostos abrangem um vasto período histórico, desde lamparinas a óleo romanas e ânforas de terracota até um impressionante mosaico de igreja bizantina do século 6 e uma delicada estatueta de Afrodite de inspiração grega.

Cada peça conta um capítulo da história de Gaza, desde a Idade do Bronze até os períodos persa, grego, romano, bizantino, mameluco e otomano. A maioria dos itens foi desenterrada na década de 1990 durante missões arqueológicas conjuntas franco-palestinas, realizadas logo após os Acordos de Oslo de 1993.

Uma parte significativa dessa coleção foi adquirida pelo colecionador e empresário palestino Jawdat Khoudary, que os armazenou em seu museu particular em Gaza. Em 2006, cerca de 260 desses itens foram enviados para Genebra para uma exposição patrocinada pelo Museu de Arte e História (MAH).

O plano era que retornassem a um futuro museu em Gaza, mas esses planos foram frustrados pela tomada de poder do Hamas em 2007 e a imposição do bloqueio por Israel e Egito. As caixas permaneceram armazenadas em Genebra por quase duas décadas.

Paradoxalmente, estar trancado em um depósito distante garantiu a sobrevivência de parte da coleção de Khoudary", explicou Béatrice Blandin, curadora do MAH, acrescentando que os artefatos aguardavam apenas a autorização para retornar ao seu lar.

Projeto

Segundo o 'Archaeology News', a exposição atual surgiu de um projeto cancelado para o sítio arqueológico de Biblos, no Líbano, devido ao bombardeio israelense em Beirute. No entanto, a mostra não ignora a dolorosa realidade contemporânea. Uma seção especial aborda o impacto devastador da guerra Israel-Hamas, que se intensificou a partir de 7 de outubro de 2023.

Segundo a UNESCO, até março de 2025, 94 sítios culturais e arqueológicos em Gaza foram relatados como danificados, incluindo o antigo porto grego de Anthedon, o palácio de al-Basha do século 13, e a mesquita al-Omari da era bizantina.

"A prioridade é obviamente vidas humanas, não patrimônio", enfatizou Elodie Bouffard, curadora da exposição, em entrevista à AFP. "Mas também queríamos mostrar que, por milênios, Gaza foi o ponto final das rotas de caravanas, um porto que cunhou sua própria moeda e uma cidade que prosperou no ponto de encontro de água e areia".