Grupos de defesa dos direitos humanos no Afeganistão apontam que a volta dos apedrejamentos foi permitida pelo silêncio da comunidade internacional
Grupos de direitos humanos afirmaram que o anúncio do Talibã sobre a retomada do apedrejamento público de mulheres até a morte foi possibilitado pelo silêncio da comunidade internacional. Safia Arefi, advogada e líder da organização afegã de direitos humanos Women's Window of Hope, expressou que esse anúncio condena as mulheres afegãs a reviver os dias mais sombrios do governo talibã na década de 1990.
"Ao proferir este anúncio, o líder talibã abre um novo capítulo de punições privadas, e as mulheres afegãs estão enfrentando as profundezas da solidão", disse Arefi, segundo o portal The Guardian.
Agora, ninguém está ao lado deles para salvá-los das punições do Talibã. A comunidade internacional optou por permanecer em silêncio diante dessas violações dos direitos das mulheres", declarou.
De acordo com o jornal britânico, o líder supremo do Talibã, Hibatullah Akhundzada, anunciou no fim de semana passado que o grupo começaria a aplicar sua interpretação da lei sharia no Afeganistão, reintroduzindo práticas como o açoitamento público e o apedrejamento de mulheres por adultério.
A notícia causou horror, mas não surpresa, entre os grupos de direitos das mulheres afegãs, que afirmam que o desmantelamento dos poucos direitos e proteções restantes para as 14 milhões de mulheres e meninas do país está quase completo desde que o Talibã assumiu o poder em agosto de 2021.
O grupo dissolveu a Constituição do Afeganistão, apoiada pelo Ocidente, suspendeu os códigos penais existentes e proibiu advogadas e juízas, perseguindo muitas delas por seu trabalho no governo anterior.