As escavações já identificaram mais de dois mil fragmentos e cerca de 30 ossadas humanas e animais, possivelmente datadas do século 16
Às margens do rio Paraguaçu, a vila de Santiago do Iguape, fundada pelos jesuítas no século 16, abriga a primeira igreja do Recôncavo Baiano, reconhecida como matriz de Santiago.
Já conhecida por seu patrimônio histórico, a vila ganhou ainda mais relevância com a descoberta de um sítio arqueológico próximo à igreja, revelando vestígios que remontam à pré-história.
Segundo reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, o achado ocorreu durante escavações para a construção de uma praça, o que levou à suspensão imediata da obra para a atuação de arqueólogos.
"Quando o trabalhador batia a pá, eles falavam, peraí, peraí, isso aqui é uma falange, aí começava, aí vinha com os pincéis e tal, e aí às vezes passavam 40 minutos ali para tirar uma parte da ossada. E foi juntando peças e a gente descobriu que existiam diversos tipos de ossada de épocas diferentes também", relatou Olmo Lacerda, arquiteto da Conder, ao programa.
As escavações já identificaram mais de dois mil fragmentos e cerca de 30 ossadas humanas e animais, possivelmente datadas do século 16. O destaque foi a descoberta de sambaquis, estruturas com potencial de milhares de anos.
"O sambaqui é uma deposição proposital e de longo prazo de conchas, de restos de alimentação, de objetos das pessoas que estavam ali e de terra do próprio local... É algo muito antigo. Os mais antigos encontrados no Brasil podem datar até de 10 mil anos. E esse aqui em específico, ele é muito especial porque ele está aqui no Nordeste. E a maioria dos sambaquis no Brasil estão encontrados na região Sul e Sudeste", afirmou a arqueóloga Bruna Brito ao Jornal Nacional.
Segundo Lacerda, a descoberta inesperada transformou completamente o projeto da obra. "Nossa expectativa era seguir com a construção da praça, mas a emergência de um sítio arqueológico tão significativo mudou tudo", disse ao Bahia Notícias.
"Agora, a preservação dos achados é nossa prioridade, e estamos trabalhando em estreita colaboração com os arqueólogos para garantir que cada fragmento seja estudado com o devido cuidado", acrescentou.
O material está sendo enviado ao laboratório de osteoarqueologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI) para estudos e análises de DNA.