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Notícias / Sambaquis

Pesquisa com sambaquis revela animais caçados no Brasil até 4,2 mil anos atrás

Estudo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) analisou vestígios de animais em sambaquis nos litorais do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

por Giovanna Gomes
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Publicado em 22/05/2024, às 11h23

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Sambaqui Figueirinha I, localizado no estado de Santa Catarina - Wikimedia Commons/Thigruner
Sambaqui Figueirinha I, localizado no estado de Santa Catarina - Wikimedia Commons/Thigruner

Uma pesquisa inédita realizada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) revelou que baleias, pinguins e leões-marinhos estavam entre os principais animais caçados pelos povos que habitaram o litoral sul do Brasil entre 4,2 mil e mil anos atrás. O estudo em questão analisou vestígios de animais em sambaquis nos litorais do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Embora o consumo de peixes e moluscos por essas populações ancestrais já fosse bem documentado, a nova pesquisa destaca a diversidade da dieta e da cultura desses grupos. Os resultados foram publicados na edição de segunda-feira, 13, da revista “Anais da Academia Brasileira de Ciências”.

De acordo com a revista Galileu, o estudo analisou cerca de 4 mil vestígios dos chamados tetrápodes, localizados em dez sítios zooarqueológicos e armazenados em museus de arqueologia da região, com o objetivo de investigar se os pescadores-coletores-caçadores caçavam animais vertebrados de quatro patas, como mamíferos, anfíbios, répteis e aves, durante o Holoceno – época geológica iniciada há cerca de 12 mil anos.

Os pesquisadores identificaram 46 táxons, unidades de agrupamento biológico, sendo a maioria de animais marinhos, principalmente cetáceos e baleias. As espécies mais comuns foram os pinguins-de-Magalhães e as baleias-francas-austrais. Em menor quantidade, também foram encontrados tetrápodes terrestres, como a anta sul-americana.

Vestígios

Segundo a fonte, os sambaquis continham restos de animais de diversos ambientes, como praias, mangues, pântanos e florestas. A variedade de vestígios indica métodos oportunistas e estratégicos de caça e pesca, especialmente no caso dos pinguins-de-Magalhães, que migram da Patagônia para a costa brasileira entre março e setembro.

De acordo com o pesquisador da Ufes Augusto Mendes, autor do artigo, saber sobre os hábitos culturais dos povos que ocuparam o território brasileiro no passado permite entender a biodiversidade da época.

Os vestígios de animais no sambaqui são resultados das práticas simbólicas e cotidianas dos sambaquieiros, como dieta e rituais funerários”, diz o pesquisador.

Vale destacar que, além da alimentação, os animais caçados podiam servir de matéria-prima na confecção de artefatos e ornamentos a partir dos ossos, por exemplo.

+Confira aqui o estudo completo.