Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Estudo

Origem do beijo pode estar ligada à higiene entre primatas, aponta estudo

Segundo a pesquisa, o ato de beijar pode remontar às práticas de limpeza entre nossos ancestrais primatas; entenda!

Redação Publicado em 18/11/2024, às 11h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Imagem ilustrativa - Bartłomiej por Pixabay
Imagem ilustrativa - Bartłomiej por Pixabay

Um estudo recente, conduzido por Adriano Lameira da Universidade de Warwick e publicado na revista científica Evolutionary Anthropology, lança nova luz sobre a prática do beijo entre os seres humanos, sugerindo uma origem evolutiva associada à higiene primitiva. Segundo a pesquisa, o ato de beijar pode remontar às práticas de limpeza entre nossos ancestrais primatas.

+ A história por trás do primeiro registro de um beijo

A análise sugere que o beijo moderno é um resquício das sessões de 'catação' dos grandes primatas, como chimpanzés e gorilas. Esses animais costumam utilizar as mãos para remover parasitas dos pelos uns dos outros, fortalecendo laços sociais. Após essa limpeza, frequentemente realizam um gesto adicional: pressionam os lábios contra a pele alheia, executando uma leve sucção para eliminar resíduos.

Lameira argumenta que o beijo não deriva do afeto humano, mas sim de uma prática de higiene entre primatas que conservou suas características ao longo da evolução. Embora a humanidade tenha perdido boa parte dos pelos corporais ao longo dos milênios, esse 'beijo final' teria se mantido como um comportamento social, evoluindo para o ato simbólico que reconhecemos hoje.

O beijo não é um sinal de afeto derivado do ser humano, mas uma forma de higiene primata que manteve sua forma, contexto e função ancestrais", escreve Lameira no estudo.

As teorias

Diversas teorias foram propostas para explicar a origem do beijo, variando desde associações com a amamentação até práticas alimentares pré-históricas e métodos primitivos de avaliação genética através do olfato. No entanto, conforme destaca Lameira, essas teorias não conseguem abranger plenamente o contexto e a função contemporânea do beijo.

É importante notar que o beijo não é uma prática universal. Um estudo publicado na American Anthropologist em 2015 indicou que apenas 46% das 168 culturas analisadas integram o beijo romântico em seus costumes. Em algumas sociedades indígenas caçadoras-coletoras, esse gesto é até considerado indesejável. Isso levanta a hipótese de que o beijo pode ser mais uma construção cultural do que um comportamento inato.

Além disso, outras espécies de primatas antropoides apresentam rituais sociais diferentes. Por exemplo, os macacos-prego manifestam afeto inserindo os dedos nas narinas e nos olhos de seus pares, um comportamento peculiar para nós, mas funcional em seu contexto social.

Historicamente, as normas culturais também diversificaram os tipos de beijo. Os antigos romanos identificavam três categorias distintas: o osculum (beijo social no rosto), o basium (beijo nos lábios em contextos íntimos não sexuais) e o savium (beijo erótico).

A pesquisa de Lameira abre portas para investigações futuras sobre a evolução do beijo e comportamentos correlatos. Ele sugere que estudos comparativos dos hábitos de higiene entre diferentes espécies de macacos poderiam oferecer insights valiosos sobre a origem e desenvolvimento desse gesto.