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Notícias / Arqueologia

Sepulturas de 1.600 anos revelam joias de 'mulheres ricas' na Crimeia

Novos artefatos e joias de ouro e preta foram encontrados em enterros pertencentes a "mulheres ricas" que viveram na Crime entre os séculos 4 e 6

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 04/12/2024, às 12h00

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Brincos de ouro encontrados em antigo cemitério na Crimeia - Divulgação/V.I. Vernadsky Crimean Federal University
Brincos de ouro encontrados em antigo cemitério na Crimeia - Divulgação/V.I. Vernadsky Crimean Federal University

Recentemente, arqueólogos desenterraram nas proximidades da cidade de Sebastopol, na Crimeia, um surpreendente cemitério medieval onde encontraram uma variedade de joias de ouro e prata. Conhecido como necrópole de Almalyk-dere, esse cemitério era destinado a membros da elite de uma sociedade que se espalhou pela região entre os séculos 4 e 6.

A primeira vez que a região do cemitério, o planalto do Mangup, foi escavado, foi ainda no século 19, e a área foi investigada sistematicamente ao longo do século 20. E foi em escavações mais recentes que foram encontradas as joias em questão.

Como de costume, este cemitério trouxe surpresas", afirma em comunicado o arqueólogo Valery Naumenko, da V.I. Vernadsky Crimean Federal University. "Apesar do roubo severo desses complexos, há coisas que são de interesse científico independente".

As escavações recentes ocorreram em conjunto entre a V.I. Vernadsky Crimean Federal University e a Academia Russa de Ciências. Vale mencionar que a Crimeia foi anexada pela Rússia da Ucrânia em 2014, mas os ucranianos ainda alegam que o território lhes pertence, sendo uma das áreas de tensão em meio ao atual conflito entre as duas nações.

Outro detalhe importante sobre a história da região é que, conforme escrito pelo historiador bizantino Procópio de Cesareia, do século 6, a região de Mangup era parte do principado cristão de Gothia, estabelecido no sudoeste da Crimeia pelos godos que se recusaram a seguir Teodorico, o Grande, na invasão à Itália em 488 d.C..

+ Guerra da Crimeia: um lembrete para o mundo do quão perigosas e fúteis são as guerras

Tesouros da elite

As descobertas recentes, repercute o Live Science, foram de duas criptas em que foram encontradas joias que parecem ter sido usadas por mulheres, segundo a declaração. Ali, havia fíbulas (broches), brincos de ouro, pedaços de cintos, fivelas de sapatos e joias de apliques feitas de folha de ouro, que teriam sido, originalmente, costuradas nas golas das roupas.

"Muito provavelmente, mulheres ricas foram enterradas em ambas as criptas onde os itens foram encontrados", afirma no comunicado o arqueólogo Artur Nabokov, do Instituto de Arqueologia da Crimeia da Academia Russa de Ciências. Ele também menciona que os brincos provavelmente foram importados, enquanto as fíbulas foram feitas na própria Crimeia.

Mas os brincos de ouro certamente chamam bastante atenção. Altamente ornamentados, eles são feitos de ouro e incrustados com pedras semipreciosas vermelhas. Já um par de fíbulas ali encontrado foi originalmente fundido em prata, mas posteriormente recoberto com folhas de ouro e incrustações de pedra vermelha.

Os arqueólogos também encontraram em uma cripta uma antiga "pyxis" decorada, uma espécie de recipiente feito em chifre de animal, que servia, no passado, para armazenar pós cosméticos.

Joias e artefatos encontrados em antigo cemitério na Crimeia / Crédito: Divulgação/V.I. Vernadsky Crimean Federal University
Brinco encontrado em cemitério na Crimeia / Crédito: Divulgação/V.I. Vernadsky Crimean Federal University
Brinco encontrado em cemitério na Crimeia / Crédito: Divulgação/V.I. Vernadsky Crimean Federal University
Fíbulas encontradas em cemitério na Crimeia / Crédito: Divulgação/V.I. Vernadsky Crimean Federal University

Além do cemitério, arqueólogos também encontram no planalto de Mangup os restos da fortaleza Mangup Kale, cujas partes mais antigas datam do século 6, e seguiu sendo usada até o século 15; sem mencionar evidências de assentamentos ainda mais antigos, pré-históricos, de 5.000 anos atrás.

Na última expedição, também foi explorado um "mosteiro em caverna" cristão do século 15 na região, além de um cemitério muçulmano usado entre os século 16 e 19, após a tomada de controle da área pelos turco-otomanos.