Até o momento, 112 mortes foram confirmadas; algumas vítimas, o que inclui crianças, apresentaram sinais de estrangulamento, espancamento e sufocamento
Investigadores no Quênia, que estão analisando o caso da Seita do Jejum, realizaram autópsias em cadáveres encontrados em valas comuns ligadas ao culto religioso. Segundo os especialistas, as vítimas tinham órgãos faltando, o que pode indicar uma extração forçada. Novas exumações devem ser retomadas nesta terça-feira, 9.
No mês passado, valas comuns foram encontradas perto da cidade costeira de Malindi, no Oceano Índico. A descoberta chocou o país no que foi chamado de “massacre na floresta de Shakahola”.
Conforme repercute o The Guardian, a polícia crê que a maioria dos corpos é de seguidores da Seita do Jejum, organizada pelo autodenominado pastor Paul Nthenge Mackenzie — acusado de mandar seus fiéis morrerem de fome “para encontrar Jesus”.
Apesar da fome aparentar ser a principal causa das mortes, algumas das vítimas — o que inclui crianças — apresentam sinais de estrangulamento, espancamento e sufocamento, relatou o patologista Dr. Johansen Oduor.
Documentos judiciais apresentados na última segunda-feira, 8, relataram que alguns dos cadáveres tiveram seus órgãos removidos. A polícia alegou que os suspeitos estavam envolvidos na extração forçada de partes do corpo.
Relatórios post-mortem estabeleceram órgãos ausentes em alguns dos corpos de vítimas que foram exumados”, declarou o inspetor-chefe Martin Munene ao tribunal de Nairóbi. “Acredita-se que o comércio de órgãos do corpo humano tem sido bem coordenado envolvendo vários atores”.
O inspetor-chefe ainda declarou que Ezekiel Odero, um famoso televangelista que foi preso no mês passado em conexão com o mesmo caso, recebeu "enormes transações em dinheiro", supostamente de seguidores de Mackenzie que venderam suas propriedades a pedido do líder do culto.
Por conta disso, o tribunal de Nairóbi determinou que as autoridades pedissem o congelamento de mais de 20 contas bancárias pertencentes a Odero pelo período de 30 dias.
De acordo com o The Guardian, 112 pessoas foram confirmadas, até o momento, como mortas, relatou o ministro do Interior, Kithure Kindiki. “Esforços de busca e resgate de pessoas suspeitas de estarem escondidas nos matagais e arbustos estão em andamento”.