A tartaruga gigante viveu na Espanha no fim do período Cretáceo
Os restos de uma tartaruga do tamanho de um carro, foram encontrados nas montanhas dos Pireneus. O registro ocorreu no dia 17 de novembro e o animal de quase 4 metros de comprimento vivia na Espanha há 70 milhões de anos.
A tartaruga foi encontrada acidentalmente por uma pessoa não identificada que caminhava pelas montanhas dos Pirineus, perto da aldeia de Coll de Nargó. Essa pessoa tropeçou nos fragmentos dos ossos do animal, como informado pela revista Galileu.
O caso foi registrado pela revista Scientific Reports em 17 de novembro. Os restos da tartaruga datam do período Cretáceo e revelam que o gigantismo já existia em tartarugas dos mares da Europa há milhões de anos.
Ela recebeu o nome de Leviathanochelys aenigmatica. O "Leviathanochelys" vem de Leviatã, uma besta marinha bíblica e também do grego antigo, onde significa "tartaruga". Já aenigmatica refere-se às suas características incomuns.
Anos após a descoberta, pesquisadores iniciaram novas escavações, em 2021, e puderam descrever a nova espécie através de fragmentos da pélvis e da parte superior de seu casco.
Acreditava-se que tartarugas com mais de 3 metros de comprimento só eram encontradas na América do Norte. Enquanto que a maior espécie europeia tinha 1,5 metros.
Como não se tinha o esqueleto completo do animal, os pesquisadores tiveram de usar a pélvis da tartaruga para calcular seu comprimento.
"Usar o tamanho da pélvis para estimar o comprimento do corpo é válido, mas deve fazer parte de um conjunto mais amplo de medidas", explicou, em comunicado, Sandra Chapman, ex-curadora de fósseis de répteis e pássaros do museu em Londres.
De acordo com ela, o animal tinha uma pelve excessivamente grande.
“Como a concha da espécie aumentou de tamanho, os espaços entre os ossos tornaram-se maiores para reduzir seu peso e densidade óssea”, contou.
Os pesquisadores também encontraram uma característica nunca vista antes em nenhuma outra tartaruga viva ou morta. Ela possui uma seção de osso saliente na lateral da pelve, conhecida como processo púbico acessório.
“Especulamos que esse processo serviu como um ponto de ancoragem adicional para os músculos que controlam a contração abdominal da tartaruga”, afirmou o coautor do estudo sobre o réptil, Àngel Luján.
"Isso pode significar que ela teve um papel relacionado ao sistema respiratório e pode ter ajudado a tartaruga gigante a maximizar sua capacidade respiratória em grandes profundidades", completou.
Para ele, essa tartaruga pode ser a primeira de muitas gigantes ainda a serem descobertas: "É apenas uma questão de tempo até que novas espécies de tartarugas marinhas de grande porte da época dos dinossauros sejam descobertas”.