Decisão da Justiça americana definiu que apreensão “foi uma tentativa motivada pelo racismo”
Autoridades de Los Angeles (EUA) decidiram na terça-feira, 28, devolver aos descendentes de uma família negra um resort à beira-mar, localizado na cidade de Manhattan Beach, que havia sido confiscado há quase 100 anos pelo conselho local.
Quando Willa e Charles Bruce compraram os terrenos do resort Bruce's Beach em 1912, pensavam em transformá-lo em um local de lazer para pessoas negras em um momento em que elas sofriam com a segregação racial.
"Sempre que tentamos comprar um terreno para um resort praiano, somos recusados. Mas eu possuo essa terra e vou mantê-la", afirmou Willa a um repórter na época em que comprou a propriedade por US$ 1.225. Hoje, os dois terrenos valem US$ 20 milhões.
Embora eles tenham conseguido transformar o local em um resort para pessoas negras, não demorou muito para que o departamento de polícia local começasse a estabelecer medidas para afastar os visitantes, como colocar placas de “probido invadir” e limitar o estacionamento a 10 minutos.
Isso não funcionou, o que fez com que as autoridades locais tomassem a área à força em 1924 por meio das leis de domínio eminente, o que permitia que o governo comprasse terrenos a fim de construir estradas ou edifícios públicos.
Segundo a BBC News, alegava-se na época que um parque seria construído no local, o que aconteceu somente décadas depois.
Um conselho do condado de Los Angeles tomou a decisão de devolver os terrenos aos descendentes da família ao aprovar uma moção, declarando que "está bem documentado que a medida foi uma tentativa motivada pelo racismo de forma a expulsar um bem-sucedido negócio negro e seus patronos".
"Este é um dia que não tínhamos certeza de que chegaria", afirmou o tataraneto do casal que comprou o resort, Anthony Bruce. "Isso os destruiu financeiramente. Destruiu a chance deles ter seu 'sonho americano'. Gostaria que eles pudessem ver o que aconteceu hoje."
"Esperamos que isso abra os olhos das pessoas para uma parte da história americana sobre a qual não se fala o suficiente, e achamos que esse é um passo para tentar corrigir os erros do passado", acrescentou.